terça-feira, 17 de junho de 2014


17 de junho de 2014 | N° 17831
ALIMENTOS NEGÓCIO EM EXPANSÃO

SAÚDE POR ASSINATURA

SEGUINDO A TENDÊNCIA dos clubes que enviam periodicamente a assinantes vinhos, cervejas, cosméticos e até lingerie, produtores rurais exploram o filão de serviços que levam alimentos orgânicos e naturais à porta do consumidor

Desde ontem, a empresária Juliana Frasson recebe no apartamento onde mora uma cesta contendo 17 espécies de hortigranjeiros e frutas da estação, devidamente certificadas como orgânicas – ou seja, livres de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

A entrega deverá se repetir todas as segundas-feiras, pois Juliana é a mais nova sócia de um negócio em expansão: os clubes de compra de produtos naturais. Essa modalidade de vendas vem se consolidando em artigos como roupas, bebidas, cosméticos e até roupas íntimas, e agora se concentra em produtos frescos, saídos direto da horta.

Mãe de Bernardo, quatro anos, Juliana aprovou a eficiência e o preço do serviço. Pagou R$ 70 por um rancho de 17 itens, que inclui porções de cenoura, beterraba, alface, maçã, bergamota, couve, tomate. E terá a oportunidade de ajustar a cesta semanal de acordo com as necessidades da família.

– Dentro da minha rotina na cozinha, vou precisar de mais tomates – observa a empresária, moradora do bairro Higienópolis, na Capital.

A estreante Juliana adere a um comércio que já tem sócias cativas. Há cinco anos, a arquiteta Martha Haesbaert entrou no clube de compras organizado pela Mesa Natural – Alimentos Orgânicos Certificados, estabelecida no bairro Petrópolis. Quis garantir hortigranjeiros saudáveis ao filho Matheus, dois anos.

– Entregam na tua casa uma vez por semana, sem falta, e na quantidade ideal – elogia Martha.

EMPREENDIMENTOS TAMBÉM NA REGIÃO METROPOLITANA

Uma das sócias da Mesa Natural, Maria Aparecida Prates Paulo, a Apa, ressalta que os vegetais são produzidos em uma fazenda, em Montenegro. São todos certificados e rastreados.

– Fazemos o registro de quem plantou, quem colheu, de qual canteiro saiu, quem fez a embalagem, tudo – diz Apa, nutricionista e professora de violão.

A propriedade em Montenegro pertence aos irmãos Clara e Antônio Hartmann, ambos médicos e sócios de Apa. No início, a produção era vendida somente aos sábados, numa garagem, no bairro Petrópolis. A procura cresceu tanto que se tornou diária e levou à formação da empresa.

– Também ampliamos as vendas com mais produtos – diz Apa, listando arroz, erva-mate, cerveja, sucos e outros orgânicos.

Os clubes de compras se alastram pela região metropolitana. Em Gravataí, os donos do Sítio do Guido entregam cestas de hortigranjeiros também em Porto Alegre, Cachoeirinha e Alvorada. O cliente entra no site da empresa, monta o seu kit, escolhe os alimentos desejados e faz o pedido com um clique. É simples como comprar um livro ou DVD numa loja virtual.

– Temos um cadastro de mil fregueses, 90% deles em Porto Alegre – diz Sônia Maria Passos, professora de história.

Ela e Guido Orlando Berger, professor de Letras, administram o sítio. Começaram distribuindo sacolinhas de verduras e frutas para os amigos e colegas, sem maiores ambições. Mas os fregueses se multiplicaram tanto, que tiveram de limitar as entregas a cem cestas por semana para manter o controle sobre a produção.

– Somos um pequeno empreendimento, não temos como aumentar – esclarece Sônia.

Mais empresas surgiram pelo Estado. Embora não haja números, a percepção é de que a quantidade aumenta. O chefe da Vigilância em Alimentos da Capital, Paulo Antônio da Costa Casa Nova, esclarece que os comerciantes se registram no ramo de produtos perecíveis e não perecíveis no momento de pedir o alvará. Não existe a classificação orgânico ou natural.

– Mas se nota que é um segmento em alta – informa Casa Nova.

O aferidor são as feiras agroecológicas. Porto Alegre tinha apenas uma, no bairro Bom Fim. Além de duplicar de tamanho, quatro similares se instalaram na cidade. O filão, agora, é juntar o apetite crescente dos gaúchos por alimentos saudáveis com a praticidade.

O QUE HÁ E QUANTO CUSTA

PRODUTOS DISPONÍVEIS EM CLUBES DE COMPRAS E POR TELE-ENTREGA NA CAPITAL E REGIÃO METROPOLITANA CESTA DE HORTIGRANJEIROS
Entre cinco e 15 itens. Aipim, alface, abobrinha, banana, beterraba, cebola, cenoura, couve, espinafre, laranja, manjericão, moranga, rabanete, repolho, salsa, tomate.
Preços médios: de R$ 25 a R$ 70 por entrega semanal.
CESTA PARA BEBÊS
Alimentos para a papinha. Banana, batata-doce, beterraba, cenoura, cebolinha, couve, espinafre.
Preço médio: R$ 25 a R$ 30 por cesta.
DELÍCIAS SEM RESTRIÇÃO
Caixas de alimentos para pessoas com intolerância a glúten, lactose e açúcar.
Preço: R$ 59,90 por mês.
CESTAS PARA PRESENTES
Geleias, vinhos, conservas, queijos, chás, ervas, biscoitos, pastéis, salgadinhos, cerveja artesanal e erva-mate orgânica.
Preço: depende dos produtos escolhidos. A geleia de goiaba orgânica (250 gramas) custa em torno de R$ 10.
KIT LANCHE
Barras de cereais, biscoitos, bolinho orgânico, frutas variadas (desidratadas e levemente açucaradas), iogurte e sucos.
Preço: depende do kit. Um litro de suco de bergamota custa em torno de R$ 11.
GRÃOS
Ricos em proteínas e benéficos nas dietas. Amaranto, aveia, chia, quinoa e outros.

Preço: depende do grão e da quantidade. O mingau de quinoa e amaranto (250 gramas) custa em torno de R$ 10.

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