terça-feira, 24 de junho de 2014


24 de junho de 2014 | N° 17839
VERISSIMO NA COPA | L. F. VERISSIMO

IMAGINA NAS OITAVAS

Aquele bordão de antes, imagina na Copa, pode ser atualizado. Imagina nas oitavas. Vamos pegar o Chile, menos mal, mas o time que ganhou de Camarões, ontem, não deixa ninguém muito tranquilo. Até entrar o Fernandinho, continuávamos a jogar sem meio-campo. Os próprios jogadores da defesa não confiaram nos companheiros do meio e passaram todo o primeiro tempo fazendo lançamentos longos para o ataque, por cima deles. Felizmente, o Neymar estava iluminado.

DOS SONHOS
A esta altura do campeonato já dá para fazer uma seleção da Copa, que é a maneira que comentaristas e palpiteiros – ou seja, a maioria da população brasileira – têm de realizar seu sonho de ser técnico de futebol e escalar times, mesmo times imaginários. Numa Copa do Mundo, que reúne os melhores jogadores do planeta, nossa tarefa é ainda mais difícil.

Alguns jogadores são indiscutíveis e estão, supõe-se, em todas as listas. Como não concordar que Ochoa, do México, foi o melhor goleiro até agora e que Thiago Silva era o único brasileiro que merecia ser escalado até a atuação do Neymar, ontem? Blind, lateral-esquerdo da Holanda, seria outra unanimidade.

Daí para a frente, a coisa complica e cada entendido, ou pseudo entendido, tem seu time, e suas dúvidas. Pirlo, da Itália, tem lugar certo no meu meio-campo, mas quem seriam os outros? O alemão Tony Kroos, que não erra passe, o ubíquo Matuidi, da França, que joga no campo todo, o americano Bradley, o chileno Sanchez?

Você não pode deixar de escalar um ataque com Van Persie, da Holanda, Benzema, da França, e Neymar, mas como deixar de fora o Müller, da Alemanha, o Hazard, da Bélgica, e, meu Deus, o Robben, que talvez seja o melhor deles todos? Ainda bem que nosso time dos sonhos jamais entrará em campo e nossas escalações permanecerão, para sempre, hipotéticas. À prova de más escolhas.

CRAQUES PONTUAIS


O craque de verdade pode ser apenas pontual: basta fazer uma jogada de craque no jogo todo para preservar sua reputação. O Cristiano Ronaldo, que passa todo o tempo se olhando no telão, certamente não gostou do que viu, na partida contra os Estados Unidos. Estava péssimo. Mas fez uma só jogada de craque, a sua centrada para o gol de empate de Portugal, para se redimir, e continuar se admirando. O Messi também só precisou dar um chute sensacional e marcar o gol da Argentina contra o Irã para justificar sua presença em campo. O craque é assim: não precisa ser craque sempre. Só na hora certa.

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