sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


Jaime Cimenti

Tropa de Elite 3

Os últimos acontecimentos do Rio de Janeiro, com a tomada da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, parecem a continuação dos filmes Tropa de Elite 1 e 2, que, de repente, influenciaram as pessoas e os acontecimentos. Tudo é bem didático. Online a gente recebe aulas de cidadania e história e fica sabendo de tudo.

É comovente a solidariedade da comunidade com as forças policiais e mais comovente ainda ver que se trata de uma vitória da própria sociedade contra o crime e contra organizações à margem da lei que, aparentemente, funcionavam e funcionam nas favelas, em favor dos desvalidos.

Vários ex-governadores do Rio diziam que polícia não deveria subir morro e, ao fim e ao cabo, deixavam que bicheiros, traficantes e outras forças tomassem conta de grandes, populosas e importantes partes do território carioca. Permitir leis e comunidades à margem das normas que devem reger a todos os brasileiros pode ser uma solução desesperada a curto prazo, mas no fim, como se vê, o arranjo não é bom para ninguém.

Agora os próprios moradores das favelas pedem socorro às polícias e às forças armadas e se dão conta de que viver mais e melhor é possível dentro da legislação nacional. É evidente que a tomada dos morros é só o início. A questão do consumo de drogas deve ser pensada por todos nós. Ela é a causa de tudo ou quase tudo que está aí. Precisamos pensar e sonhar com trabalho, ideais, saúde, educação e segurança para todos.

Somos humanos, colonizados por portugueses e espanhóis, claro que gostamos de heróis, de paizões, de seres salvacionistas e de soluções milagrosas, mas, depois de tudo o que aconteceu e acontece no Rio, precisamos entender de uma vez que os heróis somos nós, com pequenas-grandes ações cotidianas e com vontade de construir uma nação e não apenas um País ou um território demarcado.

Não há milagres, super-heróis ou fórmulas mágicas. Não há Dom Sebastião ou Padre Cícero capazes de segurar nossas pontas. Segurança, educação, saúde, moradia, luz elétrica, saneamento e sentimento nacional não caem do céu nem podem ser dádivas de instituições ou pseudo-heróis.

A construção é coletiva, democrática, republicana, legal e pacífica. Bem como nos mostraram os habitantes dos morros cariocas e, em especial, as moças e as senhoras, com seus gestos, seus olhares, suas palavras e suas mensagens cheiras de esperanças realistas.

Uma gostosa sexta-feira e um excelente fim de semana pra vc

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