sábado, 11 de dezembro de 2010



12 de dezembro de 2010 | N° 16547
DAVID COIMBRA


Histórias da Arábia

De onde vêm os alfarrábios

Você que está vendo todos aqueles caras de turbante assistindo aos jogos do Mundial, você que lê os textos dos colegas nos Emirados e se espanta com o que eles relatam, você deve estar pensando que cultura árabe parece tão distante da ocidental.

Mas, por conta da expansão do Islã, há quase um milênio e meio, termos e costumes árabes estão aninhados em várias esquinas recônditas da vida neste lado oeste do planeta.

Você devia saber, por exemplo, quem foi Ab? Nasr Muhammad ibn al-Farakh al-Farrábi. Não imagina quem seja? Na Europa ele se consagrou com o nome de Al Farrábi.

É de onde vem a palavra “alfarrábio”.

Al Farrábi foi um erudito, um filósofo nascido em Farrab, no Turquestão, há mais de mil anos. Diziam que leu “De Anima”, de Aristóteles, 200 vezes. “Física”, também de Aristóteles, teria lido apenas 40 vezes, talvez por não ter gostado muito do livro.

Escreveu sobre tudo, o velho Al Farrábi, pensou sobre tudo, a tal ponto que a citação de seu nome se desgastou, transformou-se em substantivo e sinônimo para livro antigo, relegado ao desuso. É provável que tal destino desagradasse o filósofo, mas assim ele se imortalizou. Você, que se chama Zé Carlos, nunca vai constar no dicionário como zecarlio.

A ordem do anjo

A cultura, a política, a vida inteira dos países muçulmanos, inclusive a dos Emirados Árabes, é pautada pela influência de um só homem, o profeta Maomé. Ou “Mohammad”, que em árabe significa “altamente louvado”.

Maomé fundou o Islã a partir da autoria do Alcorão, que lhe teria sido revelado sobretudo pelo arcanjo Gabriel. Maomé não escreveu o Alcorão. Ditou-o, e seus companheiros registraram as revelações em folhas de palmeira, pedaços de madeira, esternos humanos, tudo em que pudesse ser inscrita a palavra de Alá.

A primeira aparição do anjo ao Profeta é uma história repleta de significados. Numa noite do ano de 610, Maomé repousava numa caverna em Hira, próxima a Meca. Dormia envolto em uma colcha decorada com algumas frases. De repente, acordou-se sobressaltado. Era o arcanjo Gabriel que lhe aparecia. O enviado de Alá apontou para as letras na colcha e ordenou:

– Leia!

Maomé, até então analfabeto, respondeu:

– Não leio.

O arcanjo, irritado com a recusa, apertou a colcha de tal forma que Maomé pensou que iria morrer. E repetiu a ordem:

– Leia!

E Maomé leu, depois do que o arcanjo foi-se embora.

A história mostra a importância da cultura, da leitura, dos livros, enfim, para o homem que quer crescer na fé. De alguma maneira, repete o milagre da língua de fogo do Espírito Santo, que lambeu os apóstolos de Jesus, fazendo com que saíssem pela Terra falando línguas que antes desconheciam.

Leia!, foi a primeira ordem de Deus ao Profeta. Leia!, é a ordem que todo homem civilizado devia cumprir.

O melhor adversário

O goleiro do Mazembe se pisca todo o jogo inteiro, comemora gol pulando sentado, pratica defesas estranhas, mas acabou sendo o herói do seu time nessa sexta.

Só que vai sofrer contra o Inter.

Por mais impetuosos que sejam os africanos, por mais altos, fortes e espadaúdos que sejam os jogadores, o Mazembe não tem bola para enfrentar o Inter.

Nenhum comentário: