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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
03 de dezembro de 2010 | N° 16538
PAULO SANT’ANA
O padre surdo
Há 70 anos, a cidade de Venâncio Aires, que hoje tem cerca de 65 mil habitantes, tinha só 5 mil moradores.
Como toda cidade interiorana, possuía a sua Igreja Matriz, que suponho seja a mesma de hoje, depois de reformas.
No interior da igreja, notava-se quase sempre um movimento grande de fiéis, dirigindo-se para os dois confessionários.
Interessante o que ocorria na igreja de Venâncio Aires: havia duas filas, uma em cada confessionário. A primeira fila era de quatro ou cinco fiéis. A segunda fila era muito extensa, 70 a 80 fiéis.
Toda a cidade sabia do motivo por que uma fila era enorme e a outra pequenina: o padre da fila enorme de fiéis era surdo.
O ato da confissão é sempre espinhoso. O fiel envergonhado confessa diretamente seus pecados ao padre. Confessa e fica esperando uma reprimenda.
Então, era muito fácil para os fiéis de Venâncio Aires expor os seus pecados ao padre Knops, o padre surdo.
E raros eram os que se confessavam com o padre bom de ouvidos: quem tem o privilégio de ter um padre surdo para ouvir pecados não vai deixar de aproveitá-lo.
Mas era constrangedor que um padre tivesse tantos confitentes, e o outro, raros.
Foi por isso que o prefeito de então, Hermes Pereira, aproveitando a ida do bispo a Venâncio Aires, teve uma audiência com o prelado.
O prefeito fez ver ao bispo que a situação não podia continuar. O próprio padre bom de ouvidos não se sentia bem sem a confiança dos fiéis, olhando com inveja a fila do padre surdo repleta.
O bispo coçou o queixo, pensou, não via solução. Perguntou ao prefeito qual seria a providência ideal para acabar com o problema.
E o prefeito não teve dúvida: sugeriu ao bispo que mandasse para a igreja da cidade outro padre surdo, o que foi feito. Com o que, as duas filas de confitentes na matriz passaram a ser rigorosamente iguais em número de fiéis.
Só o que não se sabe até hoje é onde foram encontrar um outro padre surdo para mandar para Venâncio Aires.
Uma alta impressionante no preço da carne, no que se refere aos cortes nobres, culmina agora com uma cifra insuportável para o bolso da classe média: a picanha está custando R$ 40 por quilo nos açougues e supermercados.
Dizem que é um fenômeno de mercado. Mas que fenômeno de mercado é este, que ontem me mandaram dizer de Pedro Osório que lá a picanha custa R$ 12 por quilo?
Esta fortuna colossal que estão faturando em cima da bolsa popular não está indo para os produtores, mas é certo que é um lucro excessivo do setor varejista.
Vamos parar com isso, senhores especuladores, não está dando para os consumidores pagar por preço tão achacador.
Sou leitor assíduo da coluna da Tanise Dvoskin no caderno Meu Filho, às segundas-feiras em ZH.
E também dou sempre uma olhada no blog da Tanise, onde se encontram muitas experiências doces de seu guia para crianças (www.donna.zerohora.com.br/navemae).
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