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sábado, 6 de novembro de 2010
CLÓVIS ROSSI
Dilma vai à guerra. Sem munição
Presidente brasileira eleita estreia no G20 em plena guerra cambial entre os Estados Unidos e a China
LONDRES - A apresentação da presidente eleita Dilma Rousseff à sociedade internacional, na cúpula do G20 marcada para a partir de quinta-feira em Seul, não será propriamente um caminho de rosas.
Ao contrário, será a sua entrada no que o ministro Guido Mantega batizou de guerra cambial.
Pena que Dilma se apresente para a guerra com pouca ou nenhuma munição. O Brasil não tem cacife para forçar os Estados Unidos e a China a valorizarem suas moedas e, com isso, facilitar suas importações e dificultar suas exportações.
A rigor, o governo brasileiro não está mostrando munição nem mesmo para conter a formidável apreciação de sua própria moeda, o que cria problemas para a balança comercial e ameaça a indústria.
Os antecedentes demonstram a escassa munição. Em novembro passado, a caminho de uma reunião de ministros de Economia e presidentes de bancos centrais do G20, na Escócia, Mantega chamou a Folha para uma conversa na qual antecipou que proporia a seus pares mecanismos coordenados de controle dos desequilíbrios cambiais, que, na sua avaliação, ameaçavam provocar o surgimento de uma nova bolha.
Mantega terminou a conversa dizendo que não era possível esperar que o próprio mercado corrigisse os desequilíbrios, como lhe sugeriram economistas que chamou de liberais. "Pode até acabar corrigindo em um dado prazo, mas, até lá, acaba com a indústria brasileira", disparou.
Os ministros se reuniram e nem sequer mencionaram a questão cambial, no comunicado final.
Detalhe: o Brasil acabava de impor um imposto de 2% sobre o capital que entra no país. Não adiantou. Tanto que a alíquota dobrou meses depois, e o real continuou se valorizando.
Dilma entra na guerra de Mantega em situação ainda pior, uma vez que os Estados Unidos decidiram lançar um tsunami de dinheiro no mercado, do tamanho de um terço do Brasil (US$ 600 bilhões). É dinheiro que todo o mundo sabe que irá, em parte, para os mercados emergentes, aumentando o risco da bolha que o ministro já temia faz um ano.
Criticar os Estados Unidos e a China é até correto e necessário, mas não resolve. Como escreveu faz pouco Martin Wolf, o principal colunista econômico do "Financial Times", "os gestores dos EUA farão tudo o que for necessário para evitar deflação. [...] O que esse esforço provoca no resto do mundo não é seu problema".
O tsunami de dinheiro a ser despejado nos próximos oito meses só comprova quão certa era a expectativa de Wolf e quão poucos recursos têm países como o Brasil para enfrentar esse esforço.
Se não tem cacife para influenciar a política econômica alheia, resta ao futuro governo apenas a munição interna, o que também não é simples.
Medidas antidumping para defender a indústria; aumentar o preço do ingresso de capitais; e, no limite (para a ortodoxia predominante), baixar os juros para torná-los um tiquinho menos atraentes para o capital que sobra no mundo e busca remunerações que o mundo rico não oferece.
Ao contrário do que está acontecendo internamente, vê-se que Dilma não terá direito a uma lua de mel com o mundo.
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