quinta-feira, 18 de novembro de 2010



18 de novembro de 2010 | N° 16523
PAULO SANT’ANA


Trovando em Livramento

Nem sei de onde me sobram forças, mas o fato é que fui segunda-feira a Santana do Livramento, 500 quilômetros de estrada. Chega-se lá e come-se um churrasco esplêndido nos Badra, dorme-se depois de breve ida ao Cassino, pois no dia seguinte, anteontem, tinha apresentação do Sala de Redação na Praça Internacional.

Na praça, cantei, debati e principalmente trovei, mexendo com o Kenny Braga, que tem fama de machão santanense:

Hoje estou em Livramento

Amanhã em Quaraí

Vou te dizer uma coisa

Que eu digo só pra ti

Este tal de Kenny Braga

Em Porto Alegre é travesti.

O público, mais de mil pessoas, delirou. Não é fácil trovar, em verdade vos digo: é preciso versificar, rimar e principalmente metrificar, para que as sílabas se ajustem às notas musicais.

Não é fácil trovar. Quando o Kenny começou a cambalear, emendei com esse exocet improvisado:

Em Porto Alegre é travesti

Digo o que eu bem quiser

O Kenny Braga é esperto

Engana bem a quem quer

Usa embaixo da bombacha

Uma calcinha de mulher.

O público estremunhava de vibração. Cantamos, conversamos, brincamos uns com os outros, compramos vinhos nos free shops, percorremos mais 500 quilômetros de volta, parando no Restaurante Papagaio, em Cachoeira do Sul, para abastecer os cadáveres.

Chego a Porto Alegre extenuado e vou dormir. Ontem, acordou-me alguém a bater em minha porta: tinha de ensaiar no foyer do Theatro São Pedro, eu cantando e a excelente pianista Dionara Schneider me acompanhando, para o show de hoje à tarde no mesmo local, quando estaremos presentes, vários colunistas de Zero Hora, no Café ZH do Theatro São Pedro, das 15h às 19h.

Só eu vou cantar, o David Coimbra e a Rosane de Oliveira nunca cantaram uma só música na vida deles, mas são muito bons de escrita e de papo.

A Mariana Bertolucci é quem vai me entrevistar.

No meio desse emaranhado de tarefas, uma verdadeira gincana, ainda falo pela manhã no programado do Antônio Carlos Macedo na Gaúcha, escrevo esta coluna e como muito folhado de salsichas na lancheria de ZH, que virou meu restaurante proverbial.

E, por entre esses trajetos todos, vem muita gente querendo autógrafos e tirar fotografias.

Muita gente. É impressionante a extensão de gentes que a ZH, a RBS TV e a Rádio Gaúcha atingem. Nossa empresa é líder regional em comunicações, não é à toa...

E vamos em frente, que hoje tem de matar outros tantos leões, a vida não para, o coração continua batendo, continuamos pagando as contas e quitando os recibos, sobrevoa nossas mentes e nossos corações uma leve esperança de que ainda possamos ser muito felizes.

Não fosse essa esperança e tombaríamos.

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