Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Tentando reencontrar o anjo
O homem que vive - uma jornada sentimental (Iluminuras, 256 páginas, www.iluminuras.com.br) é o romance mais recente de Teixeira Coelho, autor de História Natural da Ditadura, premiado com o Portugal Telecom. A narrativa tem formato de livro de viagem clássico e atual em tempos de globalização, nos quais as pessoas ficam umas com as outras, como diz o eufemismo para o sexo, mas acabam ficando em lugar algum, muitas vezes sozinhas mesmo.
Elas estão por toda a parte e em lugar algum, tipo assim, utopias de si mesmas, andando nos aviões por aí. A narrativa se inicia com o protagonista retornando a São Paulo, depois de oito anos de ausência, para tentar reencontrar seu anjo, seu mais próximo e dedicado anjo que encontrara e rejeitara.
O narrador anuncia, ou melhor, adverte, que é uma história sobre a felicidade, que está em jogo a “tola felicidade”, a “insensata busca da felicidade”. Diferentemente dos outros livros do autor, neste as palavras e frases passam rápidas e breves e os saltos na narrativa são mais frequentes. O tema é a relação entre o homem e a mulher num mundo que desaparece e se altera de modo inquietante, mas com tudo parecendo absolutamente normal.
O passado, o ano de 1973, é o pano de fundo. Sim, 1973, o ano do golpe no Chile e de tanta coisa mais. As histórias se passam em São Paulo, Paris, Washington, Londres, Fontainebleau, Vietnã, Roma, La Pampa, Berlim, Munique, Leipzig, Genebra e Istambul. Apesar da inédita neve em São Paulo, não pense o leitor que está diante de uma narrativa dessas de realismo mágico ou de outro clichê qualquer.
A chave é outra. O personagem talvez seja uma miragem da cidade e a cidade, qualquer delas, é sua realidade. Em síntese, o romance é um jogo de espelhos fragmentados e complexos e a felicidade anda por aí, a nosso alcance, mesmo que a imagem da cidade sob a neve incomode.
É isso mesmo. Jorge Luis Borges escreveu há tempos que o romance atual não pode ser mais uma história de sucessos, vitórias e afirmações, matérias estas hoje próprias para livros de autoajuda e biografias.
O buraco hoje é mais embaixo. Heróis problemáticos, fracassos, becos sem saída, interrogações infinitas, viagens intermináveis. Pós-moderno? Sei lá. Vá lá saber o que é esse tal pós-moderno. E será que é preciso saber?
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