segunda-feira, 15 de novembro de 2010



15 de novembro de 2010 | N° 16520
KLEDIR RAMIL


A Maria Fumaça e o Submarino Amarelo

Imaginem a minha decepção ao receber a notícia de que não haviam encontrado uma solução técnica para montar a estrutura do nosso show de abertura, sem que isso interferisse no palco do Paul McCartney.

Minha emoção que já andava pelas alturas, se preparando para aterrissar no palco do mestre, foi ao outro extremo. A boa notícia é que meu coração aguentou bem o teste de resistência e não fui parar no Pronto-Socorro.

Nem posso dizer que o sonho acabou, porque o convite que recebemos não era um sonho, era pura realidade. Kleiton e eu estávamos felizes e prontos para fazer uma grande festa no Beira-Rio. Sei que muita gente ficou desapontada com nossa ausência e agradeço as manifestações de carinho, como o público no estádio gritando “queremos Kleiton & Kledir!”.

Somos gratos aos produtores e promotores do evento pelo convite. É um reconhecimento por nosso trabalho e toda uma longa trajetória de realizações. Nos sentimos honrados. Havia no ar uma grande expectativa para saber quem seria o escolhido.

O Rio Grande do Sul tem hoje várias bandas e artistas que poderiam ter feito muito bem o show de abertura. Sinal de maturidade e crescimento da nossa cena musical. Fiquei comovido com as declarações de nossos colegas – elogiando e apoiando a escolha de K&K – e com a quantidade enorme de manifestações carinhosas do público de todo Brasil.

Pra vocês terem uma ideia da dimensão que a coisa tomou, a notícia correu o país e virou Trending Top no Twitter. Muita gente invadiu a internet com mensagens bem humoradas. Coisas do tipo: “Paul McCartney vai fechar o show de Kleiton & Kledir no Beira Rio” e “No próximo show que fizerem em Londres, K&K pretendem devolver a gentileza e convidar Paul McCartney para abrir o show”.

No meio do turbilhão de sentimentos que me sacudiu nos últimos dias, consegui me divertir com tudo isso. E o mais importante, o show do mestre foi preservado. A noite foi linda, histórica. Diferentes gerações celebrando uma obra que é eterna. Cantei o tempo todo e chorei muito, abraçado a meus filhos, confirmando que alguma coisa boa eu deixei pra eles de herança.

A Maria Fumaça não encontrou o Submarino Amarelo como estava programado, mas tudo o que aconteceu já valeu. Muito.

Como diria Paul McCartney, foi “trilegal”.

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