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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Jaime cimenti
Paixão Côrtes, tradição, renovação e o que querem as mulheres
Se e quando eu crescer quero ser um guri novo como o nosso patrono-estátua-viva Paixão Côrtes. Ele disse "há regras em demasia no MTG e um culto excessivo a elas, como se o que estivesse escrito fosse a verdade absoluta. E não é. A tradição é algo que brota espontaneamente. No momento em que ganha formas delimitadas, exatas, ela perde a própria razão de ser".
É isso. Aos jovens 83 anos, Paixão, um dos fundadores do tradicionalismo, sem precisar usar, necessariamente, pilchas de qualquer tipo, vai mostrando que o novo sempre vem e que um artista que não muda é um artista morto, como falou o Piazzolla, piá de valor, que mudou o tango. Claro que é complicado mudar a roupa do Papai Noel, por exemplo, mas quem disse que daqui a uns séculos ela não vai ser diferente?
Fico pensando nisso e relacionando as ideias com Freud, que, no fim da vida e antes, se perguntava o que queriam as mulheres. Freud vale mais pelos caminhos que abriu e pelas perguntas do que pelas eventuais respostas e explicações que deu. A Globo está lançando o seriado Afinal, o que Querem as Mulheres?. Nossa presidente da República enfatiza as mulheres, o feminino.
Acho que em tempos de pós-feminismo é preciso valorizar todo mundo. Ao fim e ao cabo, acho que a gente precisa entender que é preciso renovar as tradições, decorar o improviso, dar espaço para a liberdade e para a criação. Quem sabe a gente pergunta o que querem os seres humanos? Quem sabe a gente deixe de se prender demais a regras, como ensina Paixão Côrtes? O bronze fica melhor na pele, depois da praia, do que na estátua. E nada contra a estátua, vejam bem.
Óbvio que qualquer sociedade precisa de sinais de trânsito e outras leis para que a gente não saia se matando total por aí, mas é preciso recordar sempre que regras e rigidez em excesso nunca deram em boa coisa durante a história da humanidade.
Acho que é isso que homens e mulheres querem: liberdade, criação, menos regras, amor e tradições sempre renovadas e seguir fazendo perguntas, mesmo quando as respostas não pintem. O resto é o infinito da vida e nossos desejos e inquietações varando os milênios.
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