sexta-feira, 26 de novembro de 2010


Jaime Cimenti

Somos nossas histórias e as dos outros

A obra A psicanálise na Terra do Nunca - ensaios sobre a fantasia, de Diana L. Corso e Mário Corso, parte da premissa de que a ficção é muito mais do que uma forma de diversão ou de mero aprendizado.

Para os autores a ficção é igualmente o veículo através do qual se estabelece um cânone, um padrão imaginário. Nossas histórias favoritas são decisivas para o que nos tornamos e acabam sendo fontes de inspiração e identificação.

Para criar a psicanálise e seus principais conceitos e teorias, Sigmund Freud se utilizou, muito especialmente, de obras de ficção, como a tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles, por exemplo. Apesar de nossos tempos de mídias eletrônicas, por vezes utilizadas solitária e friamente, o fato é que o ser humano precisa de histórias e poemas para seguir vivendo.

Precisa ouvir, contar, recontar, inventar e reinventar histórias, para buscar sua própria identificação e encontrar seu lugar no mundo.

Diana e Mário, autores dos conhecidos livros Fadas no divã, após muitas leituras, muitos filmes e canções, proporcionam aos leitores em geral e a especialistas das áreas de psicologia, psiquiatria e pedagogia abordagens sobre a subjetividade contemporânea e conceitos da psicanálise examinados de forma amena.

A linguagem clara adotada e a popularidade das histórias analisadas, além da grande pesquisa, faz com que nos sintamos retratados através dos estudos das fantasias. A primeira parte da obra trata de representações da família, maternidade, amor, mutações e paternidade. É como se diz hoje: família é um grupo de pessoas que de vez em quando dorme debaixo do mesmo teto.

A segunda parte trata da origem e eficácia da fantasia, falando de contos de fadas, ficções sobre a adolescência, País das Maravilhas, Nárnia, brinquedos, vampiromania e outros tópicos.

Na apresentação Márcia Tiburi diz que a fantasia é parte essencial de nossas vidas, que ela faz parte do real, que filmes e livros constituem nossa identidade pessoal ou coletiva e que todos são causa e efeito do que entendemos de nós mesmos.

Márcia diz que não cansamos de perguntar sobre nossa necessidade de fantasiar e que as histórias de ficção guardam um saber que pode nos ensinar sobre nós mesmos, que são espelhos daquilo que não deve ser abandonado, de nosso desejo que precisa ser reconhecido.

Nas páginas finais, bibliografia teórica e fontes primárias de consulta. Penso-Artmed, 328 páginas, telefone 3027-7000.

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