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quarta-feira, 10 de novembro de 2010
10 de novembro de 2010 | N° 16515
PAULO SANT’ANA
Perversão do corporativismo
Arrisco e temo dizer que esta é a primeira vez que será dado conhecimento à população deste grave problema. Mas não raro esta coluna se atira como pioneira nesse tipo de iniciativa.
Acontece que vêm sendo organizadas várias milícias entre taxistas de Porto Alegre, que são levados a isso pelo pavor que os assaltos inspiram à sua classe.
Equipados com os rádios de seus táxis, com porretes e outras armas, grupos de taxistas decidiram tomar o lugar das polícias e agir por conta própria.
Eles revistam passageiros, identificam-nos, interrogam-nos, como se fossem policiais.
São verdadeiras milícias, forças parapoliciais improvisadas, que agem em todos os horários, bastando para isso que algum taxista se sinta desprotegido ou incomodado.
E, quando saem para dar proteção a seus comparsas, vão dispostos a tudo, basta que um taxista acione esses seus colegas milicianos para que se estabeleçam os conflitos.
Evidentemente que grupos especiais que se organizam nessa conjuntura acabam por acarretar sérios e graves problemas.
Essa perversão corporativista está tomando corpo na cidade e começa a causar várias vítimas, podendo assumir proporções de calamidade pública.
Digo isso porque tenho em mãos provas dessa perversão. Vou dar só dois exemplos.
Dois homens embarcaram num táxi e em dado momento um deles se sentiu mal e o outro pediu para que o táxi parasse.
O motorista, certamente com medo, não parou o táxi, quando então o passageiro que se sentia mal vomitou pela janela.
Estabeleceu-se então uma discussão entre os dois passageiros e o taxista. Este pediu socorro aos seus colegas organizados como milícia, que acorreram armados de porretes e outros instrumentos.
Acirrou-se, então, a discussão, e os taxistas passaram a agredir os dois passageiros, restando um destes com o braço quebrado.
O passageiro do braço quebrado é cabeleireiro e terá de ficar 60 dias inativo, podendo perder o seu emprego. Vejam o absurdo dessa prática que começa a enraizar-se em Porto Alegre como malversação do corporativismo de muitos taxistas.
Outro dia, uma loira de cabelos vastos embarcou em um táxi, acompanhada de um negro.
O taxista desconfiou dos dois e, por códigos, chamou os outros taxistas.
Os milicianos pararam o táxi, identificaram o casal de passageiros, revistaram-no sob ameaças e gritos, uma ação nitidamente policial para a qual os taxistas não estão preparados.
O casal foi constrangido e humilhado pelos milicianos.
É grave o que está acontecendo. Porque alguns taxistas se lançaram a fazer justiça com as próprias mãos. E com isso, obviamente, fazem às vezes injustiça com as próprias mãos.
A pretexto de que a polícia se omite na proteção aos taxistas, que realmente são assaltados todos os dias, surge agora esse preocupante movimento, que tem de imediatamente ser extinto pelas autoridades.
Já o fato que vou narrar agora nada tem a ver com o medo de assaltos que os taxistas possuem.
Em determinados pontos de táxi, se um motorista desavisado ocupa com seu carro um lugar, reúnem-se vários taxistas e esvaziam os pneus do carro intruso.
De novo, a arbitrariedade, implícito novamente o propósito de tomar o lugar da polícia e praticar justiçamento.
Vão ter de pôr cobro a esses desvarios.
Eu sou defensor histórico dos taxistas. Mas não defendo desordeiros.
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