sábado, 6 de novembro de 2010



07 de novembro de 2010 | N° 16512
PAULO SANT’ANA


Socorro, dona Dilma!

Quando eu escrevo sobre o calvário das emergências dos hospitais, os leitores podem pensar que essa aflição gigantesca se dá somente em Porto Alegre.

Nada disso, esse fato se verifica em toda parte, Interior afora.

Haja vista as reclamações que recebo sobre a emergência do Hospital de Pronto Socorro de Pelotas.

As pessoas levam um susto quando deparam com a emergência do HPS de Pelotas: não há sequer suporte para os soros, os tubos são enganchados na tubulação da fiação (tenho leitores que possuem fotos disso), gente sofrendo e chorando por todos os lados.

Chega a haver 86 pacientes esperando por leitos na emergência. São 86, isso não é brincadeira.

A leitora Vanésia Zibetti Vasconcelos (vanesia@ig.com.br) manda-me dizer que nos hospitais de Pelotas as pessoas que estão na fila do SUS à espera de um leito ou de cirurgia (a mesma coisa) “morrem ou muitas vezes restam mutiladas”. Denúncia que esta coluna há muitos anos faz ao reclamar desse fato para as autoridades de todas as esferas.

A leitora deparou com esses fatos ao visitar duas irmãs suas que estavam internadas em hospitais pelotenses diferentes.

Se ter um familiar hospitalizado pelo SUS já é espinhoso, imaginem então com dois.

Uma das duas irmãs da leitora referida morreu hospitalizada. Não se diga que foi por falta ou precariedade de atendimento, apenas quero relatar que essa senhora foi testemunha do caos hospitalar de Pelotas porque assistiu a duas irmãs hospitalizadas por largo período.

Emergências sem leitos para onde enviar pacientes que são atendidos em suas dependências e necessitam de imediata internação são apenas mais uma piada sinistra de nosso sistema de saúde.

Os médicos e enfermeiras necessitam dar consequência ao atendimento da emergência. E a consequência óbvia é o internamento.

Só que não há vaga para o internamento e a emergência vai superlotando. E vai superlotando de pacientes para os quais a emergência não tem mais solução.

Então, imaginem não só o sofrimento dos pacientes, mas a atribulação terrível dos médicos e enfermeiras.

Como eu escrevi na última semana, as emergências gaúchas viraram um Inferno de Dante.

Não acredito que Lula e Dilma não saibam disso. Se não souberem por seus auxiliares, terão de sabê-lo por esta coluna. Por isso é que insisto neste tema. Afinal, o jornalismo tem o dever de cumprir sua ação social.

De nada adianta a agricultura, a indústria, os empregos em geral e a economia irem bem, se a sociedade estatela-se diante do caos dos hospitais.

Não há nada mais importante para um povo do que a Saúde. Na Saúde balançam a vida e a morte.

Se o governo Dilma resolver em termos satisfatórios o problema da Saúde no Brasil, já terá cumprido o seu dever.

O governo Lula não resolveu. Como se vê aqui no Rio Grande, pelo contrário, o governo Lula viu agravar-se o problema da Saúde em seu mandato.

E nenhum governo pode gabar-se de estar fazendo um bom governo se o setor da Saúde está em caos, debaixo de choro e ranger de dentes.

Sei que dona Dilma me lê, ela me disse. Então, torço para que ela coloque a Saúde no seu lugar ideal.

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