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quarta-feira, 3 de novembro de 2010
03 de novembro de 2010 | N° 16508
PAULO SANT’ANA
E a Saúde, dona Dilma?
O atendimento de saúde no Brasil é excelente. Pena que não atende.
O pobre é obrigado a ser honesto: não negocia nem transaciona.
Não se exige de quem negocia ou transaciona que seja completamente honesto.
Do pobre também não se exige que seja honesto. Porque sua indigência econômica o torna honesto ao natural.
Evidentemente que não estou me referindo aos raros pobres que avançam no patrimônio dos outros.
Se se quiser ter uma ideia de como Dilma Rousseff vai receber a questão da saúde pública na transição de governo, basta que se diga que a emergência do Hospital Moinhos de Vento está superlotada.
Há de dizer o leitor: mas o Moinhos de Vento não é particular? É. E tem mais: não atende pelo SUS.
Mas, se um hospital particular que não atende pelo SUS está com a emergência lotada e leva três dias para conseguir um quarto para doentes de convênios e particulares, imaginem o inferno em que está virado o SUS em matéria de falta de leitos e de emergência.
Quem tiver coragem vá verificar ao vivo o que está acontecendo nas emergências do Clínicas e do Conceição: sai gente pelo ladrão, os doentes estão empilhados.
Ora, o presidente Lula está terminando seu governo e deixando esta dívida com a nação: falta absoluta de leitos hospitalares no país, além de falta gravíssima de vagas nos presídios.
Por isso, apesar da grande popularidade de Lula, não se pode dizer que ele fez um ótimo governo.
Governo que não cuida da Saúde e da questão prisional não se completa e não entra para a História.
Não é crível que permaneçam como uma chaga inalterável as filas de cirurgias e consultas no SUS.
É estupidamente desumano que milhares de pessoas levem três, quatro, cinco anos para conseguirem ser operadas e que haja consultas que demoram dois anos de espera na fila. Os pacientes morrem antes de sofrerem as cirurgias ou serem atendidos nas consultas.
Será que o presidente Lula não sabe disso? Mas claro que sabe.
Estupidamente, o candidato José Serra não cobrou este problema desolador de Dilma Rousseff nos debates.
Espera-se que a nova presidente se mexa rápida e profundamente na questão da Saúde.
Que ela use da imaginação para criar recursos para a Saúde. Tem jeito e é de fácil solução o problema. Não estou sendo energúmeno ao dizer isso. É só conversar comigo particularmente qualquer pessoa e saberá de mim qual é a mágica solução.
O que não pode é continuar assim, pois mesmo a Saúde sendo atribuída ao Estado e aos municípios, também à União, a maior responsabilidade é federal.
Federal porque é a única esfera que possui dinheiro.
Então, o Lula que tenha a paciência de ouvir esta crítica veemente e dona Dilma que trate de arregaçar as mangas na Saúde.
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