terça-feira, 9 de março de 2010



09 de março de 2010 | N° 16269
PAULO SANT’ANA


Parque de batalha

Há poucos dias, fomos tomados de espanto: duas gangues se enfrentaram à bala no centro do Parque Farroupilha, ali nas imediações dos chafarizes, resultando na morte de um adolescente que parece nada tinha a ver com a rixa.

Foi um tiroteio compulsivo, que assustou centenas de pessoas e aterrorizou outro tanto.

Há muito tempo, luto inconscientemente contra isso. Quando, há quase 40 anos, lancei a ideia de cercar o Parque Farroupilha, estava tentando evitar também essa tragédia, além dos outros danos materiais e ambientais que o parque aberto provoca.

Não me passava pela cabeça que as pessoas, ao entrar num parque, não o façam por um portão com vigilância, onde fossem, senão identificadas, pelo menos vistas e notadas pela vigilância, que acautelaria os outros frequentadores todos dos inconvenientes e riscos inerentes à má frequência.

Infelizmente, a sociedade ainda não se conscientizou dos benefícios que lhe traria o cercamento dos parques.

Se se colocarem quatro grandes portões na Redenção, por onde penetraria o público, o parque perderia a condição de terreno baldio à desordem e à sujeira, responsabilizando a todos que pelos portões entrassem ou saíssem pelos prováveis desvios de conduta que tivessem lá dentro.

Assim como está, o parque é uma terra de ninguém, qualquer um tem entrada livre e não vigiada, os que querem depredar as instalações, os que vão lá para perturbar o sossego dos outros frequentadores, os que levam seus cães, muitas vezes furiosos, sem guia, para passear entre os transeuntes, os que querem praticar sexo nos recantos, os que querem assaltar e, agora, as gangues que marcam encontros de morte por tiroteios e facadas em seu interior.

Nunca vi uma ideia tão luminosa, no caso não ideia minha, porque parques fechados são vistos em todo o mundo com belos resultados, ser tão incompreendida.

Há gente que entende que cercar o parque significa mais que elitizá-lo, vedá-lo para a frequência do público.

Pelo contrário, o que a ideia propugna é que o parque seja cercado para abri-lo ao público, mas o público bem-intencionado, aquela imensa parte da população que só quer ter lazer e divertir-se no parque, sem as incomodações – e agora até o terror – de se ver rodeado por uma série de inconvenientes, cujo ápice se dá com a morte desse adolescente numa luta entre gangues juvenis, além de tantas outras mortes por assalto e outras modalidades criminosas que têm ocorrido através dos tempos na Redenção.

Na minha cabeça, não entra a ideia de manter o parque sem cerca. Até igrejas vêm sendo cercadas no interior do Estado.

Para mim, é um absurdo manter a passagem inteiramente livre, sem qualquer controle, sem qualquer vigilância no extenso perímetro das áreas abertas por todos os lados, à vontade para os inconvenientes, os predadores, os desordeiros, os brigões e até os assaltantes e assassinos.

E todos esses predadores, quando estão dentro do parque, sabem que poderão cometer qualquer irregularidade porque sua fuga e saída do parque não terá nenhum posto de controle, nenhum portão, ninguém que lhes atrapalhe a impunidade.

Malditos dias em que por insanidade mental não se cercam os parques.

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