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domingo, 7 de março de 2010
07 de março de 2010 | N° 16267
DAVID COIMBRA
Amor seis vezes ao dia
Catarina II, a “Grande”, tinha necessidade de fazer sexo seis vezes ao dia, mas não foi por isso que a chamaram de Grande. Questão de precisão, não luxúria vulgar. Talvez padecesse da doença do Tiger Woods. Kennedy padecia, coitado, se bem que com menor intensidade: desenvolveu o hábito de possuir pelo menos três mulheres por dia, em rapidíssimas sessões de amor agendadas por seus solícitos assessores, dois a três minutos cada. Kennedy tinha muita pressa e nenhuma paciência.
Catarina era mais dedicada. Constituía amantes, envolvia-se com eles em profundidade e, quase sempre, só os dispensava quando encontrava outro mais tenro. Escrevi tenro, não terno.
Embora tenha sido a czarina mais importante da Rússia, era alemã. Sabe como são essas alemãs... Não havia sido batizada Catarina, e sim Sofia Augusta Frederica. Gosto desse nome, Frederica. Quando casou-se com o herdeiro do trono, Pedro, é que se renomeou Catarina.
Também gosto de Catarina. Estava com 16 anos. Na noite do casamento, depois da festa, as criadas ajudaram-na a tirar as roupas pesadas de pedrarias e a levaram para a câmara nupcial. Ansiosa, a jovem e fresca Catarina sentou-se à borda da cama debaixo de seus cabelos louros, esperando pelo marido como se esperasse pelo abate.
É provável que não se sentisse empolgada com a perspectiva de ser deflorada pelo príncipe. Pedro era um feio. Fora vitimado pela varíola, que lhe deixara o rosto gretado. Acometera-lhe também uma calvície precoce, era magro como um espaguete e, nos quadros que lhe pintaram, aparece com um nada elegante ventre abaulado de chope.
Ou, no caso, vodca. Bem. É verdade que muitas mulheres não colocam a beleza masculina entre os principais atributos que deve ter um homem para atraí-las. Basta que ele seja rico. Ou poderoso. Ou famoso. Algumas até se contentam com os inteligentes e bem-educados.
Pedro decerto que era rico e tudo indicava que um dia auferiria poder. O problema é que de inteligência e educação não possuía nada. Era infantiloide, passava o dia brincando com soldadinhos de chumbo e não se entusiasmava com as mulheres. Existe um debate entre os historiadores sobre se era homossexual mesmo ou se não passava de mero desinteressado.
Não faz diferença. O fato é que Catarina permaneceu horas aguardando por ele. Pedro só apareceu no quarto tarde da madrugada, trançando pernas, bêbado como um Boris Yeltsin. Balbuciou que ficara comemorando com os criados na cozinha, meteu-se entre os cobertores e, antes que Catarina pudesse dizer cucamonga, começou a roncar.
Catarina não foi tocada pelo marido naquela noite. Nem na seguinte. Nem na outra. Ou na outra ou outra ou outraououtraououtraououtra. Durante nove anos, Pedro conservou sua mulher virgem como uma madre superiora.
Quer dizer: virgem de Pedro. Catarina não demorou a providenciar um amante. E outro e outro e mais outro e outroutroutroutroutroutro. Acumulou dezenas deles com intensa devoção. Existem candentes relatos históricos sobre o desempenho da czarina de todas as Rússias entre lençóis. Não vou reproduzi-los porque coraria os leitores pudicos.
Um dia, o embaixador da Inglaterra, para agradá-la, ofereceu-lhe um rapaz bonitão de presente. Catarina agradeceu, penhorada, levou o moço para cama e desfrutou dele por alguns anos. Como naquele tempo não havia pílula, Catarina teve vários filhos com os amantes. Pedro se conformava.
– Não faço a mínima ideia de como a minha mulher fica grávida, mas suponho que tenho de assumir os filhos – comentou, em meio a uma das tantas gestações.
Catarina seguiu somando amantes e filhos pelas estepes, até que traiu de verdade o marido: deu um golpe de estado, mandou Pedro ir brincar com seus amiguinhos e reinou com radiosa luz sobre a Rússia. Seu vício, o sexo desenfreado, não a prejudicou nessa missão. Algum excesso, afinal, o ser humano pode cometer, de vez em quando.
Deve, até. Walter aprecia comida calórica? Sem problemas, desde que apareça para treinar. Mário Fernandes é adepto do sono pela manhã? Que é que tem? Desde que, é claro, não faça samba e amor até mais tarde. Como fazia, e bem, a loira Catarina.
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