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quinta-feira, 4 de março de 2010
04 de março de 2010 | N° 16264
PAULO SANT’ANA
Dois disparos certeiros
A Polícia Civil, de mãos dadas com o Instituto-Geral de Perícias, esclareceu o assassinato do secretário Eliseu Santos.
Já nos instantes posteriores ao crime, as autoridades policiais revelavam que eram abundantes os vestígios no local do crime, mais principalmente a quantidade enorme de sangue que deixara o suspeito, classificando até a polícia esse fato como se o criminoso tivesse deixado impressões digitais na cena mortuária.
Sim, mas o que fazer com o sangue encontrado no local? Com que cotejá-lo para chegar à identificação genética, o DNA?
Aí é que está a coisa. Minutos depois do crime, na noite do crime, logo após a morte do secretário Eliseu, um homem foi atendido no Hospital São Camilo em Esteio. Disse aos enfermeiros que tinha sido assaltado e fora baleado.
Um tiro na coxa, outro tiro no pé esquerdo. Segundo se sabe, a polícia foi avisada, pelo 190, que lá se encontrava um ferido à bala.
Mas o homem foi medicado e liberado pelo hospital. Quando a polícia lá chegou, ele não mais se encontrava.
Mas o suspeito se identificou no hospital, estava assim decretado que teria sucesso a identificação do sangue encontrado no local do crime.
A polícia não tinha o suspeito mas tinha sua identidade. O que fez a polícia então? Colheu amostra de saliva na bochecha da mãe do suspeito e obteve o laudo positivo: o homem identificado que foi atendido no hospital momentos após o crime era o mesmo que tinha deixado poças de seu sangue no local do crime. A herança genética apontava certeiramente o criminoso.
Bonita investigação, estupenda investigação. E como o suspeito era ligado a ladrões de carro, descartou a polícia que tivesse o caso relação com atentado (político). Era mesmo, inequivocamente um latrocínio tentado.
O crime está esclarecido. Para ser solucionado, basta apenas a prisão do suspeito e de seus asseclas.
Mas o desfecho traria uma surpresa impactante: revelando bravura ímpar, Eliseu Santos tombou atirando nos seus atacantes.
Quando se soube que o secretário acertara um tiro no assaltante, já se elogiava a sua coragem, embora não se pudesse elogiar sua pontaria: poderia ter sido por acaso que ele acertara na coxa do assaltante o disparo.
Mas agora vem à baila um dado espetacular: o secretário Eliseu Santos acertou não um, mas dois tiros no assaltante. Um na coxa e outro no pé. O que comprova que, apesar de ter sido colhido pelo elemento surpresa, Eliseu Santos tinha perfeita noção do manejo de sua arma e estava dirigindo seus disparos para o alvo certo.
Esse fato faz calcular que o secretário acabaria por abater o assaltante se não tivesse sido acertado com um disparo no coração.
E deve-se levar em conta que o secretário agia contra dois assaltantes, é possível que tenha sido abatido pelo segundo.
Impressiona a bravura de Eliseu Santos. Ele não se intimidou e é possível até que tenha feito o primeiro disparo.
E também é possível afirmar que foi a coragem do secretário para o enfrentamento que veio afinal ser decisiva para a elucidação do fato criminoso, se ele não tivesse acertado dois disparos no assaltante, a polícia teria sérias dificuldades para elucidar o crime.
Era e foi um homem singular, Eliseu Santos.
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