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segunda-feira, 10 de agosto de 2009
10 de agosto de 2009
N° 16058 - KLEDIR RAMIL
Café de los Maestros
Tive o privilégio de ter sido convidado para apresentar aqui no Brasil o Café de los Maestros. O espetáculo leva para o palco a magia do premiado projeto de Gustavo Santaolalla, Gustavo Mozzi e Walter Salles, que reúne em filme e CD os velhos mestres do tango argentino. São artistas com mais de 80 anos de idade, em plena forma. Como um bom vinho.
E não se trata apenas de idosos que voltam ao palco. Estou falando de gente que ajudou a escrever a história do tango: Fernando Suárez Paz, Osvaldo “Marinero” Montes, Aníbal Arias, os incríveis cantores Nina Miranda e Juan Carlos Godoy, e tantos outros. Violinos, bandoneones, cello, baixo, violão e piano sob a regência brilhante do maestro Osvaldo Requena.
O mais impressionante de poder conviver com esses mestres nos bastidores é ver a paixão pura, quase adolescente, com que mergulham no espetáculo. Mesmo antes de serem chamados para o terceiro sinal, já estão todos nas coxias, prontos para entrar em cena.
E, como são números que se alternam, seria normal que cada um esperasse sua vez no conforto de seu camarim. Não, ficam todos ao lado do palco, cantando, tocando e gritando “bravo!” a cada apresentação de um companheiro. Como um bando de jovens, no entusiasmo de seus hormônios inquietos.
O tango surgiu no ambiente dos prostíbulos e foi elevado à categoria de música de salão a partir da gravação de Mi Noche Triste – por Carlos Gardel – depois de mudarem a letra para não chocar os ouvidos mais puritanos. Ainda hoje, nas entrelinhas de cada canção, se pode captar a malandragem e o humor típico do “lunfardo” de “chantas y pebetas”.
Nossos “maestros” viveram tudo isso. Nos camarins, as conversas incluíam histórias clássicas sobre Gardel ou Piazzolla e outras mais picantes, como as de Don Juanca (Juan Carlos Godoy), notório namorador que afirma ter tido mais de cem mulheres.
Também surgiam brincadeiras sobre “pirulines”, “La CumparSutra” e até curiosidades sobre as técnicas de plantação de uvas. E claro, pelo avançado da idade, sempre havia algum comentário sobre colesterol ou diabetes.
Uma noite, ao final de um concerto, saí do restaurante abraçado a Nina Miranda cantando em duo Melodias de Arrabal, o tango que meu pai me ensinou quando eu era criança. Não sei onde anda “mi viejo”, mas com certeza deve ter se emocionado tanto quanto eu.
Ainda que com chuva e ventos que sua segunda seja ótima e sua semana seja excelente.
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