segunda-feira, 10 de agosto de 2009


ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Vergonha de gostar, vergonha de não gostar

Bob Seger, Doll by Doll, Gentle Giant, Head, Racey, Nine, Lorraine. O que essas bandas/artistas têm em comum?

Estão numa lista compilada pela revista "Word": "A banda de que só eu gosto". Quinze críticos escrevem sobre artistas que ninguém mais curte, ou de quem até pega mal gostar. David Quantick declara amor a Bob Seger, Stuart Maconie se revela fã do Gentle Giant, Paul du Noyer elogia Doll by Doll e por aí vai.

Há diversas razões por que alguém se acha o único a gostar de um determinado artista. Pode ser porque o treco é tão obscuro, tão esquisito, que o resto da humanidade nem sabe do que se trata.

Mas, com a internet, isso está cada vez mais difícil. Qualquer tranqueira, por mais bizarra que seja, sempre tem um punhado de admiradores.

A outra... é que a coisa é ruim mesmo, e não tem muito como explicar. Nick Hornby se derretendo por Nelly Furtado é um exemplo. A tese dele, de que "I'm Like a Bird", da cantora canadense, é o máximo, só fica em pé do ponto de vista literário. Com seu texto maravilhoso, Hornby floreia a história. Mas não consegue provar, mesmo, por que a canção é tão boa assim.

Sem os mesmo recursos literários de Hornby, mas com mau gosto comparável, informo que a artista de que provavelmente só eu gosto é a cantora Des'ree. E por causa de uma música: "You Gotta Be".

A letra é meio feminista, tipo mensagem de otimismo para mulheres acima dos 35. A canção começa com um pianão pesado. A Des'ree não é exatamente um poço de expressão, e o videoclipe não era bom nem na época em que foi lançado (1994).

Se a "Word" me chamasse para escrever no meio daqueles feras, pronto: a artista de que só eu gosto? Des'ree.

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