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sexta-feira, 3 de abril de 2009
Jaime Cimenti
Nanetto Pipetta, a certidão de batismo do Talian
Na edição de 23 de janeiro de 1924, os leitores do Correio Riograndense foram apresentados a um estranho personagem: Nanetto Pipetta. O texto explicava que Nanetto havia nascido na Itália e viera para a América em busca da cucagna, uma mistura de sucesso e utopia.
Acaba de ser lançada a décima edição de Vita e stòria de Nanetto Pipetta - nassuo in Itália e vegnudo in Mérica per catare la cucagna, de Aquiles Bernardi, o frei Paulino de Caxias, que nasceu em Caxias do Sul em 31 de dezembro de 1891 e foi ordenado padre em 1917, por dom João Becker.
A edição comemora os incríveis 100 anos de circulação do Correio Riograndense e demonstra que a obra se tornou um clássico moderno, uma verdadeira certidão de batismo do talian, a língua que mistura dialeto vêneto e português e que ainda hoje é utilizada em muitas cidades do Rio Grande do Sul.
A história desse anti-herói tem imenso valor linguístico, sociológico, histórico e documental, especialmente por revelar a verdadeira América e acabar com piedosas lendas que cercaram, por muito tempo, a imigração italiana no Estado.
Romance picaresco que narra as venturas e as desventuras de Nanetto na América, ele nos remete aos tempos pioneiros, à rudeza do ambiente, às relações econômicas, ao mundo cultural e religioso e às relações familiares daqueles tempos em que os bugios roncavam, andavam e pulavam pelos matos, assustando os imigrantes italianos.
O volume traz, em oitava edição, o Dicionário Básico do Talian, de Alberto Victor Stawinski e frei Rovílio Costa, contemplando os principais termos do talian, língua que também foi utilizada nas obras Stória de Nino, fradelo de Nanetto Pipetta, de Aquiles Bernardi, e Togno Brusafrati, de Ricardo Domingos Liberali. Sobre Nanetto, escreveu o autor: "Li diversos romances vênetos que falavam da América e apresentavam um ideal para quem queria uma vida de fortuna e felicidade.
Depois de ler esses romances, resolvi escrever Nanetto Pipetta, para mostrar a verdadeira América. Escrevi-o nos anos de 1924 a 1925 e publiquei-o em capítulos no Staffetta Riograndense, atual Correio Riograndense.
Comecei a escrever em Alfredo Chaves, atual Veranópolis, e concluí em Garibaldi. Tive dois objetivos: traçar a verdadeira imagem da América e aumentar as assinaturas do jornal.
E consegui os dois objetivos." Enfim, a EST Edições, telefone 3336-1166, com a publicação da décima edição do clássico, presta mais um inestimável e prazeroso serviço aos leitores brasileiros.
Jaime Cimenti
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