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sexta-feira, 10 de abril de 2009
10 de abril de 2009
N° 15934 - JOSÉ PEDRO GOULART
O drama e o humor
O Guel Arraes, ao apresentar o último filme dele, Romance, no Festival do Rio do ano passado, disse que “pela primeira vez ficaria chateado se pessoas rissem muito durante a projeção”.
O Guel, um cara acostumado com a comédia, temeu o riso. Imaginou a gargalhada como uma subversão à sua ideia de fazer um filme com profundeza dramática. Temeu perder as pessoas, a concentração delas, se estivessem subjugadas pelo riso. E o pior é que ele deve ter ficado bem chateado, consta que as pessoas deram boas risadas durante o filme.
E o Guel não está sozinho nas suas aflições, nada menos que o Woody Allen concorda com ele: “Também não tenho nenhuma dúvida de que a comédia tem menos valor do que a coisa séria”. Ele disse isso no livro/entrevista Conversas com Woody Allen, recentemente lançado. E disse mais, disse que “quando a comédia aborda um problema, ela brinca com ele, mas não resolve”.
E foi mais longe: “Não quero parecer brutal, mas existe algo de imaturo, de segunda linha, em termos de satisfação, quando se compara a comédia com o drama”. Woody Allen também falou do seu desejo de fazer filmes sérios: “(...) todas aquelas coisas dramáticas que são feitas pelo Bergman, pelo Antonioni”. E ainda saiu-se com uma pérola: “Os diretores sérios são os que mais se divertem”. He, he. Não é engraçado?
Lembrei do Pestana, personagem do Machado de Assis, que fazia sucesso compondo polcas, mas detestava isso: sonhava fazer musica clássica. E assim passava as noites, buscando inspiração nos grandes compositores. Até que no final, ao tocar sua nova composição imaginando ter finalmente alcançado a erudição, ele percebe que tudo o que conseguiu foi mais uma polca – que, para seu desespero, logo se transforma em um grande sucesso.
Voltando ao Woody Allen: o cara é o maior comediante do cinema falado e, por isso mesmo, o fato de “ele” ter dito o que disse é que valoriza o assunto.
Tem coisas que são assim. O Barack Obama, por exemplo, afirmou que o Lula é o cara. Mas não é verdade. “O cara”, todo mundo sabe, é o sujeito que tem o poder de dizer “quem” é o cara. E fazer disso manchete de jornal.
O Obama também disse que gosta do Lula porque “ele é boa-pinta”. Esse Barack, o sujeito tem uma tendência a fazer humor – assim como o Lula. O que certamente nos deixa mais calmos.
É bem melhor que o drama fique confinado às telas do cinema. Os bons filmes dramáticos resolvem as questões emocionais de forma satisfatória, conclui um severo Woody Allen.
De toda maneira, é ótimo que tenhamos políticos bem-humorados, afinal como disse um outro homem sério, o Millôr: “Fiquem tranquilos: nenhum humorista atira para matar”.
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