Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
03 de abril de 2009
N° 15927 - PAULO SANT’ANA | MOISÉS MENDES (Interino)
Lula é o cara
Vocês viram a foto do Lula ao lado da rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham. Saiu ontem na contracapa de Zero Hora. A rainha no meio, o primeiro-ministro Gordon Brown à direita, Lula à esquerda. E todo o resto dos representantes do G-20 na volta.
Há quase sete anos, Lula estava ao meu lado em Ijuí. Não tenho nenhuma foto para provar. No dia 24 de julho de 2002, uma quarta-feira, fui um dos primeiros a ver o Lula candidato de terno e gravata. Lula escolhera a zona da soja gaúcha para o lançamento nacional da campanha à presidência. Falou do programa de governo no auditório da Unijuí, foi aplaudido de pé. Era o novo Lula.
Saí do auditório e fui ao banheiro. Lula, Olívio Dutra e Tarso Genro chegaram logo depois. Vi um assessor bater a porta do lado de fora. Ninguém entrava, ninguém saía. Ficamos os quatro trancados no banheiro. Temi que os três começassem a trocar confidências.
Estratégias que decidiram guerras foram articuladas em banheiros. Poderia ouvir o que não devia, mas só escutei algo como: foi bom, foi muito bom, foi bem bom.
Estavam satisfeitos com a performance diante de agricultores, professores e alunos da universidade. Fui reconhecido por Tarso, que falou meu nome em voz alta.
Identificado como repórter, temia ser visto como penetra, como bisbilhoteiro de banheiro. Poderia estar ali de tocaia à espera dos três.
Saí na frente, sem tanta pressa para não dar a entender que estava fugindo, mas nem tão devagar que sugerisse que pretendia ficar. Preferia ver Lula depois, na Praça da República, onde apareceu de colete e gravata num calor de 28 graus. Parecia ser dureza representar o novo Lula de terno cinza de risca-de-giz, botas marrons de bico quadrado, camisa branca, gravata azul. Que nada. Lula ficou bem de fatiota e agora posa ao lado da rainha.
Num encontro do porte deste de Londres, o presidente de um país emergente como o Brasil poderia ser o penetra num banheiro com Obama, Sarkozy, Gordon Brown. Mas Lula estava lá, fazendo xixi ao lado dos líderes mundiais no Palácio de Buckingham e sendo reconhecido como um igual.
Ontem, Obama disse que Lula é o cara, o político mais popular do planeta. O presidente se desconcertou, tirou os óculos, esfregou um lenço nas lentes e ganhou tempo para dizer algo e disse. O vídeo que correu mundo não permite que se ouça o que ele respondeu para Obama.
Aqui na redação, levantaram a suspeita de que Obama pode dizer isso para todos, até para o Berlusconi ou para a Angela Merkel. Que políticos do porte de um Obama tratam seus interlocutores assim para expressar grandeza.
O americano estaria dizendo que Lula, e não ele, Obama, é o cara. No fim, americanos, chineses, russos, japoneses, alemães decidirão como os ricos podem se redimir com os pobres depois da crise hipotecária. Lula seria o amiguinho deles.
Encontrei David Coimbra e Luciano Peres, o editor de Mundo de ZH, e os dois repetiram em jogral afinado: Obama só quis ser simpático. Estávamos os três, claro, no banheiro, onde também se decide quase tudo de importante no jornalismo e de onde são produzidas conclusões rápidas, curtas e categóricas sobre encontros de líderes mundiais em Londres.
Defendi que o reconhecimento de Obama ficaria como uma das grandes frases do ano. E que um cerimonial rigoroso não colocaria Lula ao lado da rainha por acaso. Fui voto vencido.
Logo depois, apareceu o Sant’Ana. Avisou que estava viajando para a Festa do Mar em Rio Grande, de onde o Jornal do Almoço será transmitido hoje, e que não iria escrever a coluna. Perguntei quem seria o interino e ele me disse: tu é o cara. Eram quase 20h.
Esfreguei os óculos na toalhinha de papel, sentei diante do computador e produzi este texto na corrida, em não mais do que 15 minutos. Saiu o que deu.
Salvar bancos quebrados para que os executivos recebam seus bônus é barbada. Dureza é ser interino de última hora enquanto o titular se lambuza numa moqueca de cação em Rio Grande.
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