Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
02 de abril de 2009
N° 15926 - LUIS FERNANDO VERISSIMO
Respeitável
Quando eu morrer, o que pode acontecer ainda neste século, vou lamentar mais o que não fui e não fiz do que o que fui e fiz. Por exemplo: eu gostaria de ter sido um homem que entendesse de madeiras. Que olhasse um móvel ou um soalho e dissesse: “peroba-do-mato”.
Ou “jequitibeira”. Ou “carvalho-de-aluvião” (Estou inventando os nomes. Eu não entendo de madeiras). Saber identificar a madeira pela cor e pelos seus veios e estrias seria como pertencer a uma confraria de poucos e partilhar com eles uma sabedoria antiga. Não queria ser carpinteiro, marceneiro, escultor ou gravurista, e muito menos madeireiro.
Queria só poder passar a mão pela superfície de um pedaço de madeira, de olhos fechados, e dizer “mogno-tailandês”. Ter uma intimidade com a natureza maior e mais profunda do que a de quem conhece os nomes de flores e pássaros, o que sempre me pareceu uma erudição apenas simpática.
Conhecer madeiras é mais, o quê? Respeitável. De um homem que conhece madeiras pode-se esperar uma gravidade confiável e uma sóbria apreciação da vida, das suas raízes e das suas seivas. Eu gostaria de ser lembrado assim: “Luis Fernando, Luis Fernando... Não era aquele que entendia de madeiras?” Mas agora é tarde para me especializar. A velhice é isso, depois de uma certa idade, a gente só generaliza.
Minsky
Hyman Minsky morreu em 1996, mas está sendo muito lembrado, e citado, agora. Era um economista e acadêmico americano que destoava da ortodoxia neoclássica dominante de Milton Friedman e seus discípulos e combateu a desregulação do mercado que desmantelou o capitalismo autocontrolado montado pelos keynesianos depois da Grande Depressão – e acabou dando no atual desastre.
Minsky previu o que iria acontecer mas na época do pensamento único e indiscutível ninguém lhe deu muita atenção.
Agora o profeta está recebendo as honras devidas. Num trecho de um dos seus livros sobre a instabilidade da economia americana reproduzido recentemente pela revista The Nation, Minsky escreveu que “o fracasso de políticas desde a metade dos anos 60 tem relação com a banalidade da análise econômica ortodoxa.
Apenas uma análise crítica do capitalismo pode ser guia para uma política capitalista bem-sucedida”. Quer dizer, a análise acrítica ou invariavelmente a favor ameaça o capitalismo mais do que qualquer pregação de esquerda. Minsky estava escrevendo para a grande imprensa americana e, sem saber, para a grande imprensa brasileira.
Chico
Ainda não li e já gostei do novo livro do Chico. Gostei até do título Leite Derramado. Acho que quando a nossa geração tiver que fazer um balanço dos seus merecimentos e misérias para ser julgada, poderemos todos usar esta credencial: fomos contemporâneos do Chico Buarque. E exigir tratamento especial.
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