terça-feira, 29 de julho de 2008


ELIANE CANTANHÊDE

O Sul em chamas

BRASÍLIA - Tudo começou com os vices de Yeda Crusius e de Cristina Kirchner, e os dois governos estão se esfarelando. Secretários caem, a popularidade despenca, e a sustentação balança.

No Rio Grande do Sul, o vice Paulo Feijó gravou uma conversa que jogou o governo da tucana Yeda numa das maiores crises estaduais da temporada.

Na Argentina, o vice Julio Cobos deu o voto de Minerva que derrubou o principal socorro financeiro bolado pela presidenta Cristina, que ficou sem o dinheiro -e sem discurso e apoio popular.

Nos dois casos, parece faltar experiência e sobrar soberba, numa combinação explosiva. Yeda faz uma besteira atrás da outra. E Cristina não soma adeptos e divide excessivamente a administração, a imagem e a arrogância com o marido e antecessor, Néstor Kirchner.

É possível descrever a crise gaúcha num parágrafo: a fita do vice sobre corrupção; a queda de sete secretários (inclusive os principais, como o chefe da Casa Civil);

a compra de uma casa entre a eleição e a posse, sem que a aritmética patrimonial feche; até o absurdo projeto de aumento do próprio salário em 143% em meio aos farelos. O salário era muito baixo? Era. Mas haja falta de senso de oportunidade!

Com tantos flancos, a governadora não faz mais nada. Ora responde sobre desvios do Detran, ora sobre a queda dos secretários, e sempre sobre a história da casa comprada na hora errada, de forma errada.

O resultado é a aprovação em queda livre e uma perplexidade geral. E a economia? A administração?

Ninguém merece 10 anos de Carlos Menem nem de sua "aliança carnal" com os EUA, e depois dele a politizada Argentina vem passando por poucas e boas.

No também politizado Rio Grande do Sul, a alternância entre direita, centro e esquerda não levou a nenhum paraíso. Os velhos líderes já eram, e os novos não disseram a que vieram. Os tempos são sombrios. As perspectivas não são melhores.

elianec@uol.com.br

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