Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
17 de julho de 2008
N° 15665 - Luis Fernando Verissimo
O disco rígido de Fátima
Estão dizendo que as informações contidas no disco rígido do computador do Daniel Dantas apreendido pela Policia Federal vão acabar com a República.
Descontando-se nosso gosto pelo exagero, pode-se comparar o disco rígido do Daniel Dantas ao terceiro segredo revelado pela Virgem Maria às crianças de Fátima, que só o Vaticano - no nosso caso, a polícia - conhecia, e não contava.
Também se especulava que a revelação da Virgem era um anúncio do fim de tudo.
Como o rompimento do sétimo selo da Bíblia, a abertura do disco rígido do Daniel Dantas provocaria vozes e trovões, relâmpagos e terremotos, e saraiva e fogo misturado com sangue lançados sobre a Terra. Ou, para usar um tom menos apocalíptico, embaraços terminais.
O papa João Paulo II acabou tranqüilizando os fiéis, anunciando que a coisa terrível que era para acontecer, na interpretação da Igreja, já tinha acontecido: o atentado fracassado contra a sua vida. Ou seja, a Virgem exagerara um pouco.
A Polícia Federal bem que poderia fazer como o papa e dar um vislumbre do que está no disco rígido, para acalmar os cristãos, e os nem tão cristãos.
Confesso que me desapontei com o nome dado pela Polícia Federal à investigação dos negócios do Eike Batista, Operação Rei Midas, ou coisa parecida. Não está à altura do nome da operação que destampou o escândalo do Detran do Rio Grande do Sul ("Rodin", porque uma das principais empresas envolvidas se chamava "Pensant") ou o "Satiagraha" da operação pega-Dantas.
Depois de nos acostumar com sua erudição e sofisticação, a Polícia Federal não pode frustrar assim nossa expectativa.
Queremos criação literária no mesmo nível da ação anticorrupção. Não nos decepcionem!
A reação à capa da revista The New Yorker desta semana prova, mais uma vez, os perigos da sátira incompreendida.
A capa mostra o Barack Obama vestido de muçulmano e sua mulher, Michelle, vestida e armada como guerrilheira, os dois no gabinete oval da Casa Branca, com um retrato do Bin Laden na parede em cima de uma lareira onde arde a bandeira americana.
Os dois se cumprimentam por terem chegado lá. Satirizados no desenho estão os piores temores que a direita americana tenta espalhar entre os eleitores a respeito do casal. Mas quem está protestando é a turma do Obama, que não gostou da brincadeira.
Bem explicado, não pode haver dúvida sobre a intenção do cartum. Mas humor que precisa ser explicado é humor que não funciona.
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