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terça-feira, 22 de julho de 2008
22 de julho de 2008
N° 15670 - Luís Augusto Fischer
Dante mais perto
Não sei como é que o leitor lida com isso, mas o caso é que quem vive no mundo da cultura letrada sempre tem consciência da dívida que se acumula em sua vida: quanto mais conhece e lê, mais sabe que tem a ler, e ali no horizonte vai crescendo a sombra daquela montanha de livros jamais lidos que seria imprescindível ler.
Quando se lê em mais de uma língua, o problema se agrava; quando se freqüenta mais de uma época, o parafuso dá mais uma volta na rosca sem fim do conhecimento.
Tomemos o caso do italiano: trata-se de uma língua de cultura antiga, espessa, praticamente infinita para apenas uma vida de leitura. Vai-se ver o presente e ali está Umberto Eco, que é romancista e erudito comentador de literatura; recua-se um pouco e ali está Italo Calvino, romancista que, por sinal, estabeleceu uma inteligente (e desesperante) tipologia dos livros que temos que ler, no capítulo inicial de Se um Viajante numa Noite de Inverno.
Indo bem lá para trás, vamos encontrar Dante Alighieri (1265 - 1321), por muitos títulos o primeiro autor moderno de literatura. E como ler sua obra?
Não faz muito saiu uma versão em prosa de sua Comédia (L&PM), que ganhou o adjetivo Divina só 200 anos depois, tradução que se soma a algumas outras em português (há um pela editora Itatiaia, outra pela 34, outra ainda pela Bertrand).
Sua Vida Nova, coletânea de poemas líricos acompanhados de comentários do próprio autor, também tem mais de uma tradução entre nós.
Sobre ele, há em nossa língua coisa de alta erudição (Auerbach, Curtius, Bloom), assim como comentários apaixonados, como o de Jorge Luis Borges. Tudo isso é uma selva, talvez tão escura quanto aquela que abre a Comédia, "nel mezzo del camin" da vida do narrador.
Para aliviar o tormento do candidato a leitor é que apareceu o excelente livro de Eduardo Sterzi Por que ler Dante (Globo).
Aliando com grande habilidade o comentário erudito com um texto fluente, claro e preciso, o livro desenha a vida, a obra e, mais importante, as singularidades e as conquistas de Dante.
Uma introdução de luxo ao autor, um estudo de nível raríssimo no Brasil, uma leitura prazerosa para quem queira abater um pouco daquela dívida impagável.
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