Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
25 de julho de 2008
N° 15673 - Liberato Vieira da Cunha
Um vôo do imaginário
- O senhor poderia me dizer qual é o seu tema preferido?
A pergunta é disparada por uma dessas meninas bonitas que colaboram com jornais de faculdade. Deram-lhe a tarefa de entrevistar alguns escribas, coisa que ela faz com capricho, a começar estabelecendo uma fronteira, que é a palavra senhor.
- Acho que o meu tema preferido é a mulher. A resposta parece surpreendê-la, pois rebate em seguida:
- Que mulher? - Em geral - esclareço. - Em cinco de cada dez das crônicas que componho, há sempre uma mulher. Creio que a mulher é uma grande invenção de Deus.
Ela consulta sua pauta e se mostra sincera:
- Olhe, eu não li todos os seus livros, mas aqui nas minhas anotações diz que o seu assunto predileto é a saudade.
- De quem? - De cidades, viagens, pessoas. Contemplo-a, tão linda e tão distante, e reajo:
- Está vendo? Cada cidade pode ser uma mulher, cada viagem, um romance, cada pessoa, uma deusa.
Ela revê suas notas e sacode a cabeça, lenta e desaprovadoramente: - O senhor não é um escritor nostálgico? Resolvo abrir o jogo:
- Claro que sou. Todas as criaturas são nostálgicas. Mas em vez de ter nostalgia de mim mesmo, escolhi sentir falta dos melhores momentos que vivi.
Ela se desarma: - E são muitos?
- Talvez nem tantos. Um entardecer em Paris. Uma noite em Nova York. Uma manhã de domingo em Berlim.
- O senhor é engraçado. - Por que seria? - Porque em tudo isso há saudade.
- E devo ser condenado? - Não, se todas elas eram belíssimas. - Eram belíssimas, mas se foram.
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