sábado, 26 de julho de 2008



26 de julho de 2008
N° 15674 - Paulo Sant'ana


Urgentes ciclovias!

"Olha aquela carreta em ziguezague!", ouviu do motorista o estudante Rafael Hartmann dos Santos, de 17 anos, no ônibus que levava os 13 mortos no choque com o caminhão.

O estudante estava na cabina do ônibus, onde tinha ido para reclamar do ar condicionado muito frio.

O motorista do ônibus viu o caminhão ziguezagueando, mas não deu tempo de parar antes de começar a ponte: a tragédia tornou-se, assim, inevitável. Por que o caminhão ziguezagueava?

São duas as hipóteses: a de que o motorista do caminhão dormira no volante e a de que sofrera um AVC, um derrame, perdendo a direção do veículo.

Já se presumia que o caminhão tinha originado a tragédia. O motorista já sofrera um aneurisma dois anos atrás, só voltara a trabalhar nos últimos 30 dias.

É tensa a situação entre os caminhoneiros nas estradas. Eles são obrigados a cumprir horários estafantes, são movidos a comprimidos que lhes tiram o sono, as estradas viraram uma roleta-russa para os motoristas dos outros veículos.

Em pontes, principalmente, é melhor para quem não dirige caminhão esperar antes de entrar nelas, só seguir adiante quando não vier ninguém do lado contrário.

Pelo testemunho do estudante, a tragédia aconteceu exatamente como se supunha: o ônibus foi atraído para uma armadilha. Que barbaridade!

Mudando de assunto, dou gargalhadas quando a imprensa divulga que a inflação de 2008 chegará a menos de 7%. De onde tiraram uma farsa destas?

Só para dar um exemplo, a costelinha de porco subiu 22% este ano. A carne de porco seca aumentou em 40%. O feijão teve um aumento neste ano de 40%.

Isso tudo em alimentos básicos para a população.

E sobe a telefonia fixa, sobe o telefone celular, sobem todos os itens de consumo em progressão geométrica e vêem-se todos os dias na televisão índices maquiados de inflação, algo que não entra na cabeça do consumidor, que sabe em quanto estão lhe esfolando com esta inflação descontrolada.

Sobe tudo, só não sobem os salários. E se clama para que uma instituição idônea, totalmente desvinculada do governo, forneça o verdadeiro índice de inflação, que a esta altura já anda com certeza a mais de 20%.

E olhe lá.

Vejo os candidatos a prefeito de Porto Alegre prometerem que vão construir ciclovias na cidade, mas tenho medo de que seja da boca para fora.

Não há nada mais urgente para Porto Alegre do que instalar uma rede de ciclovias em toda a cidade.

Agora mesmo, a tentativa de substituir-se o serviço de telentregas das motos por bicicletas está se tornando parcialmente inviável por não proporcionarem as vias da Capital condições mínimas para o tráfego de bicicletas.

O poder público, nesta hora grave por que atravessa o trânsito, com a crise do petróleo principalmente, tem o dever de proporcionar aos munícipes condições mais baratas de transporte. E de maior segurança.

As ciclovias preenchem esses dois pressupostos. Em toda capital civilizada existem ciclovias. Porto Alegre é uma precariedade total nesse aspecto.

O melhor é arrancar dos candidatos a prefeito um compromisso de honra de que se dedicarão no primeiro dia de mandato a essa grande transformação.

O povo tem o direito de andar de bicicleta. E a prefeitura não tem o direito de omitir-se em dotar a cidade de ciclovias interligadas.

Na Avenida Ipiranga, não haver ciclovia, como em outras importantes avenidas da cidade, é fato originado em imbecilidade de planejamento e estratégia viária.

Quem não for construir ciclovias espalhadas por toda a cidade nos próximos quatro anos, é melhor que retire a sua candidatura a prefeito.

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