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quinta-feira, 24 de julho de 2008
24 de julho de 2008
N° 15672 - Leticia Wierzchowski
Salve, Jorge
Tenho ouvido Cara B, o último trabalho de Jorge Drexler, de quem sou fã há muito tempo. Com filhinho de dois meses, eu passo uma quarta parte do meu dia amamentando e, por conta disso, no quartinho do Tobias rola muita música de boa qualidade. Aqui em casa, meu marido e eu achamos que uma criança, pra crescer sadia, precisa basicamente de amor, leite e Tom Jobim.
A ordem não é criteriosa, vai depender da situação; embora Tom Jobim resolva grande parte dos casos de choradeira (se bem que Tobias, como a neta do Verissimo, também curte Charles Aznavour). Enfim, o fato é que o meu filho tem ganhado muito leite, muito amor e muito Jobim - e mais uma boa dose de Jorge Drexler.
Fazia três anos que Drexler não cantava em Porto Alegre - o tempo passa rápido mesmo. No último verão, tive a sorte de ver um concerto dele em Punta del Este, mas embora o show estivesse bom, Drexler parecia meio deslocado naquele imenso palco cheio de luzes coloridas, como alguém usando uma roupa emprestada... No show de segunda-feira, no Bourbon Country, a coisa foi bem diferente.
Quem logrou vencer as filas e dificuldades para garantir um lugar no teatro foi brindado com um show belíssimo, ora cálido, ora experimental, onde Jorge Drexler estava na sua melhor forma, brindando o público com belas canções em arranjos intimistas.
A coisa já estava pra lá de boa, mas quando Vitor Ramil entrou no palco, tudo ficou melhor ainda. A voz de Vitor está cada dia mais pura e mais bela - quando os dois cantaram Astronauta Lírico, juro que fiquei com vontade de chorar.
Lá pelas tantas, a luz causou uma pequena ilusão de ótica no palco, e Vitor Ramil pareceu tremular um instante, como se fosse desfazer-se subitamente no ar. Nada mais justo, já que aquela voz parecia vir de outro plano mesmo.
Enfim, foi tudo lindo. Drexler mostrou que tem um trabalho impressionante e importante - Oscar à parte, ele é um dos grandes compositores dos nossos dias, e isso bem pra além das fronteiras do Cone Sul.
E é simpático como só os uruguaios sabem ser. Depois do show, voltei correndo pra casa, ainda com Astronauta Lírico soando em meus ouvidos. Meu pequeno Tobias me esperava louco de fome; mas, nessa noite, amamentei em silêncio, pra não apagar o gostinho do show.
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