segunda-feira, 21 de julho de 2008


Jaime Cimenti

Releituras de clássicos eróticos em linguagem contemporânea

Leitores de todos os tempos nunca encontraram muitos bons exemplos de literatura erótica à disposição. Excluindo as obras de pornografia que sempre existiram e alguns poucos livros que deram tratamento digno e artístico aos temas eróticos, a história da literatura não revela quantidade significativa de contos, poemas e romances do gênero.

Para os leitores da atualidade, especialmente para os mais jovens, a situação é parecida e a leitura de clássicos às vezes se torna difícil por causa da linguagem e da temática.

O romancista, roteirista e editor paulista Flávio Braga foi criado em Porto Alegre e vive no Rio de Janeiro há 30 anos. Ele é autor de

O que contei a Zveiter sobre sexo e co-autor da coleção Amores Comparados, com Regina Navarro Lins, e acaba de lançar três livros que, em linguagem contemporânea, contêm narrativas inspiradas em clássicos eróticos da literatura da Roma Antiga e do século XVIII.

Os volumes fazem parte da Coleção Placere e têm como fontes Casanova, Petrônio, Marquês de Sade, Boccaccio, Masoch e As mil e uma noites.

Sade em Sodoma; Eu, Casanova, confesso e Enquanto Petrônio morre são os títulos das obras, que têm 160, 192 e 158 páginas, respectivamente, e custam R$ 21,90 cada.

Portanto, os leitores modernos, além de poderem contar com obras de Philip Roth, Henry Miller, Charles Bukowski e de brasileiros como Dalton Trevisan e João Ubaldo Ribeiro, agora poderão fazer uma espécie de releitura contemporânea de clássicos como Os 120 dias de Sodoma (Marquês de Sade); Satiricon (Petrônio) e Memórias de Casanova.

Para a recriação do romance de Sade, que narra uma orgia de quatro meses, Flávio Braga tomou por base os elementos da obra do Marquês, criou um novo protagonista e utilizou apenas 158 páginas, enquanto o clássico tem aproximadas 400.

No caso de Satiricon, Braga não procurou imitar o estilo de Petrônio e nem traçar um perfil dele no momento de sua morte, mas apenas utilizar-se de sua ambientação histórica em uma recriação literária. Já para a releitura de Casanova, o escritor valeu-se do recurso de uma confissão de seis horas que o protagonista fez a um abade indiscreto, que reproduziu de memória o longo e instigante depoimento do maior dos libertinos.

O livro pode muito bem ser chamado de o testamento dos libertinos e encanta pela prosa realista e viva e pelos detalhes picantes.

Enfim, para aqueles que não pretendem ler as obras originais, que são bem mais volumosas que as de Braga, os três volumes são uma boa síntese do que se produziu de melhor em termos de literatura erótica na Antiga Roma e no século XVIII.

Mas quem ler os três romances de Flávio provavelmente não deixará de conferir os clássicos, que, por serem clássicos, parecem ter sido escritos há pouco tempo. Editora Best Seller, telefone 21-2585-2000.

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