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quinta-feira, 17 de julho de 2008
17 de julho de 2008
N° 15665 - Paulo Sant'ana
Quase uma grande vitória!
Ontem, eu estava preparado para uma derrota fragorosa do Grêmio em Recife, a julgar pelas duas últimas atuações do time de Celso Roth: tanto contra o Santos quanto com a Portuguesa, o Grêmio só ganhou quatro pontos por sorte, os dois adversários perderam gols incríveis diante do extraordinário goleiro Victor.
Mas diante dos meus olhos se apresentava ontem um Grêmio de surpreendente eficácia. Toda a transformação do time liderada por Tcheco.
Por duas vezes, o Grêmio esteve na iminência da vitória, que seria consagradora, ainda mais que mostrava a segunda boa atuação de Marcel, que construiu para o Rodrigo Mendes o segundo gol.
É muito duro deixar de chegar a uma vitória entusiasmante sob o ponto de vista da classificação por dois gols do Sport em bolas levantadas para a área do Grêmio.
Dá remorso ter empatado ontem. Mas, para o que se esperava, até que foi um resultado bom.
Pelo que rendeu o Grêmio ontem, transmitiu esperanças finalmente à torcida: é possível ganhar do Cruzeiro aqui no próximo sábado.
Vamos lotar o Olímpico! Celso Roth está se consagrando por manter o Grêmio na parte de cima da tabela com um time modesto, que só agora está se reforçando com jogadores que estão chegando em ótima hora.
Renasceu ontem a esperança no Grêmio. Ah, se tivesse segurado a vitória ontem. Seria o céu!
Sucedem-se as ondas de repercussão de fatos na imprensa. Alguns meses atrás, o noticiário da imprensa era dominado pelo assassinato da menina Isabella Nardoni, em São Paulo.
Toda a cobertura da imprensa era dirigida para o caso. E talvez nunca tenha se visto nos últimos tempos um interesse mais atento, quem sabe até entusiasmado pela cobertura do caso.
A opinião pública, que nos dias de hoje é dominada por um obsessivo desejo de ver os acusados na prisão, acalmou-se quando foi decretada a prisão do pai de Isabella e de sua mulher, indiciados pela morte da menina.
Com os réus presos, recusados os habeas corpus, não se falou mais no caso.
Um manto de silêncio envolve por enquanto o processo, isto talvez só tenha uma reviravolta quando do julgamento pelo júri.
Sem a mesma repercussão do caso Isabella, subiu para a ribalta nos últimos dias o caso Dantas.
Era impressionante ontem a multidão de fotógrafos e cinegrafistas que aguardavam à saída da Polícia Federal o agora já réu Daniel Dantas (o juiz já aceitou a denúncia contra ele).
Amontoavam-se os cinegrafistas e os fotógrafos. A imprensa pode estar forçando a cobertura deste caso, mas a opinião pública se interessa por ele em face de um detalhe de marketing: o acusado é um dos homens mais ricos do Brasil, é um banqueiro e não há nada mais inusitado que a possibilidade de um homem de imensa pecúnia vir a cair nas malhas da lei.
As algemas já foram colocadas nele, a opinião pública excitou-se. Se for condenado, a opinião pública ficará satisfeita na sua gula punitiva e terá de surgir outro caso para atrair o interesse das multidões.
Daniel Dantas é há tantos governos um curinga tão bailante nos meios financeiros, que se diz que há no Senado uma bancada a seu favor, ora em constrangido silêncio.
Talvez nenhum outro vulto tenha tido tanta importância nos meios financeiros brasileiros nos últimos anos do que ele, tendo navegado com desenvoltura na acomodação e gestão dos bilionários fundos de pensão, sempre administrados por delegação dos governos.
Daí que ontem o presidente Lula veio a público para desfazer uma impressão que era geral: a de que o delegado que instruiu o inquérito tinha sido afastado do caso por ordem do presidente, depois da reunião de anteontem com o presidente do Supremo.
Lula deixou bem claro que o delegado se liberou do caso por sua própria vontade, que o governo não tem nada a ver com seu afastamento.
Foi enérgico Lula, exigindo do delegado Protógenes que esclareça que ninguém o tirou do caso, se ele sair, será por sua vontade. Lula rejeitou insinuações do delegado de que foi forçado a sair do caso.
Mas, surpreendentemente, quem estava interrogando Daniel Dantas, ontem, na Polícia Federal, era ainda o delegado Protógenes. Se sair, será a primeira vez que um delegado federal deixa o comando de uma grande operação antes de seu término.
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