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segunda-feira, 21 de julho de 2008
21 de julho de 2008
N° 15669 - Kledir Ramil
Datilografia
Não sei se você já viu uma máquina de escrever. Já expliquei em outra oportunidade, mas vou repetir. É, tipo assim, um equipamento mecânico que se usava na antigüidade para escrever palavras. O princípio era o mesmo dos computadores de hoje, um teclado onde a cada tecla corresponde uma letra do alfabeto.
A diferença é que, em vez de o texto surgir como mágica na tela LCD, na máquina era possível ver e entender o funcionamento. Cada tecla impulsionava uma alavanca, que movia um braço de metal, que empurrava uma pequena letrinha de ferro, em alto relevo, na direção de uma fita de tinta preta.
Algumas mais sofisticadas vinham com uma opção de cor vermelha. Por trás dessa fita, era colocada uma folha de papel em branco, sobre a qual iam sendo impressas as palavras, letra por letra. Simples.
Caso você cometesse um erro, tinha que começar tudo de novo. Não havia "delete". Mas tudo bem, naquela época as pessoas tinham tempo de sobra.
Para conseguir operar tal equipamento, era preciso dominar a datilografia. Datilografia era a arte - ou seria a ciência? - de bem escrever à máquina. Eu fui iniciado na velha Underwood do meu pai, através de um método empírico conhecido pelo nome de "catar milho", que utilizava apenas os dois dedos indicadores.
Ou "fura-bolos", se você preferir. Aos poucos minha técnica foi evoluindo e acrescentei ao processo o "seu vizinho", o "pai de todos" e, eventualmente, o "mata piolho".
Desenvolvi uma performance razoável, mas nunca chegarei à destreza de alguém que tenha feito curso de datilografia, que, acredite se quiser, é capaz de escrever 300 caracteres por minuto, usando os dez dedos das mãos. Sem olhar o teclado.
Naquele tempo, para ser uma boa secretária era preciso saber datilografia, além de inglês, francês, espanhol e, obviamente, português.
Como eu não tinha nenhuma intenção de ser secretária, não dei a devida importância ao estudo da datilografia e, de castigo, continuo até hoje catando letras como se fossem grãos de milho.
Tentei convencer meus filhos a estudar datilografia, para que pudessem estar mais bem preparados para a vida. Riram de mim, pois não se fala mais datilografar e sim digitar.
E mais, não estudam e digitam numa velocidade astronômica. O que só confirma minha tese sobre a evolução das espécies: diferente de nós, essa gurizada já veio de fábrica com um processador Core 2 Duo.
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