sexta-feira, 25 de julho de 2008


NELSON MOTTA

O tango do argentino doido

BUENOS AIRES - O que é ego? É um argentino pequenininho que vive dentro de cada um de nós. Até eles se divertem com a piada: a Argentina tem o maior numero de psicanalistas per capita do mundo, e não lhes faltam clientes: los hermanos siguen muy locos, assim como Buenos Aires continua linda, apesar da invasão turística brasileira.

A elegância européia de sua arquitetura e a sua grandiosidade urbanística não têm paralelo na América Latina. Os portenhos são, sim, muito agradáveis, são mais cultos e educados do que nós, lêem mais, são mais politizados, pero...

A última loucura argentina foi a derrota do governo na crucial votação do imposto de exportações agrícolas, motor produtivo do país, que provocou bloqueios em estradas, desabastecimento nas cidades e panelaços durante três meses, e fez a popularidade da presidenta desabar. E quem derrotou o governo?

O vice-presidente da Republica, Julio Cobos, que também é presidente do Senado, e deu o decisivo voto de minerva -contra o seu governo. Nem no Brasil ocorreria um desvario semelhante. É bem mais louco do que o José Alencar decidindo a votação contra a CPMF.

O casal Kirchner faz a linha Bush/Garotinho: quem não está conosco está contra nós. Devastaram a oposição e governam autoritariamente, acuando o Congresso e a imprensa, numa espécie de peronismo esquerdista sessentista, movido a piquetes e manifestações de rua.

Para a derrota no Senado, a metáfora perfeita é o animal fetiche dos pampas: caíram do cavalo.

Tudo por causa de um aumento brutal do imposto sobre exportações agrícolas para bancar a gastança populista do governo. Um clássico latino-americano. Pior foi ouvir os líderes governistas defendendo o aumento como redistribuição de renda. Nem no Brasil.

Nenhum comentário: