02 DE AGOSTO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
O BRASIL VAI SE CONHECER
Com dois anos de atraso, mais de 180 mil recenseadores começam a sair às ruas e percorrer os rincões mais longínquos do país para bater à porta dos brasileiros em busca de informações essenciais para a nação se conhecer melhor. É o novo Censo Demográfico, normalmente realizado a cada 10 anos, mas que não foi viabilizado em 2020 devido à pandemia e em 2021 por falta de recursos.
O trabalho, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), terá os primeiros resultados divulgados no final do ano. A relevância do levantamento está nos dados detalhados que produz, essenciais para o planejamento e a elaboração de políticas públicas e a melhor alocação de recursos dos orçamentos da União, dos Estados e dos municípios.
Trata-se de um raio X pormenorizado dos brasileiros e da sua realidade. Além de quantificar a população, permite compreender mudanças na demografia, traz informações sobre educação, saúde, renda, condições de moradia, identificação étnico-racial, religião, migrações internas, desigualdades regionais e outras estatísticas fundamentais para a indicação de prioridades e calibragem de programas públicos, tornando-os mais efetivos. É base também para a distribuição de verbas, como as previstas nos fundos de participação dos Estados e dos municípios.
Como o último Censo foi realizado 12 anos atrás e desde então o país passou por significativas transformações, fica evidente que diversas informações relevantes estão bastante defasadas. É como se o Brasil estivesse no escuro. Não apenas o poder público, mas também empreendedores. Embora existam outras fontes de dados, o grau de detalhamento do Censo e a penetração o tornam inigualável. As informações produzidas pelo IBGE são importantes ferramentas para orientar investimentos e negócios, conforme, por exemplo, o perfil dos moradores de determinada região de um Estado ou área de uma cidade, permitindo detectar oportunidades ou demanda por certos produtos ou serviços.
O Censo Demográfico de 2022, realizado 150 anos após o primeiro levantamento do gênero no país, também será agora totalmente digital. Números superlativos e inovações não faltam. São 183 mil pessoas que irão a campo para visitar cerca de 75 milhões de domicílios. Há, ao mesmo tempo, uma intensa campanha de esclarecimento para a identificação dos recenseadores e a possibilidade de responder os questionários por telefone ou internet.
O inequívoco é que há um grande vácuo de informações a ser preenchido. Não apenas pela lacuna de 12 anos, mas pela necessidade de se conhecer melhor os impactos da pandemia na população, em áreas como saúde e educação, para que seja possível construir a partir de bases sólidas ações voltadas a amparar os brasileiros mais necessitados e reverter os efeitos nefastos da histórica crise sanitária.
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