30 DE AGOSTO DE 2022
NÍLSON SOUZA
Histórias para crer no ser humano
Esta primeira circula na internet, talvez seja ficção, mas é tão comovente que decidi recontá-la. O velho professor caminhava pela rua quando foi abordado por um jovem: "O senhor se lembra de mim?". Diante da negativa, o outro informou que havia sido seu aluno e que, por causa dele, também se tornara professor. O mestre então quis saber o que exatamente o havia inspirado. Contou o rapaz:
- Um dia um colega chegou com um relógio novo e bonito. Então, eu decidi roubá-lo. Tirei do bolso dele sem que visse. Quando percebeu, reclamou para você, que parou a aula e pediu que o autor do furto devolvesse o objeto. Como ninguém se manifestou, você fechou a porta, pediu que todos se levantassem e ficassem de olhos fechados para a revista. Você encontrou o relógio no meu bolso, mas continuou revistando todos os demais.
Quando terminou, apenas anunciou que o relógio fora encontrado, devolveu-o ao dono e não disse a ninguém quem o havia roubado. Naquele dia, o mais vergonhoso da minha vida, você salvou minha dignidade. Nunca me falou nada, não me repreendeu nem me deu lição de moral, mas eu entendi a mensagem e percebi o que é ser um verdadeiro educador. O senhor não se lembra disso?
Respondeu então o professor:
- Lembro-me do episódio e do relógio devolvido, mas não sabia que era você, pois também fechei os olhos durante a revista.
Já esta outra eu atesto como totalmente verdadeira, pois aconteceu com dois jovens da família. Namorados, passaram um fim de semana em Florianópolis e já estavam na rodoviária para voltar a Porto Alegre, com passagem comprada, mas sem dinheiro sequer para o lanche. E teriam que esperar pelo ônibus por mais de seis horas. Famintos, sentaram-se num banco e começaram a conversar sobre o assunto. Poucos minutos depois, um homem que estava próximo (e que certamente ouvira a conversa) levantou-se, agachou-se perto deles e fingiu juntar um dinheiro do chão;
- Vocês deixaram cair isso! - falou, enquanto largava as notas no banco e se afastava sem esperar agradecimento.
Por fim, uma que aconteceu comigo, quando terminava o Ensino Médio na escola pública do meu bairro. Alguns colegas fariam vestibular, mas eu não tinha o dinheiro da inscrição. O professor de História ficou sabendo, me procurou, colocou discretamente um envelope no meu bolso e se justificou:
- Recebi um aumento de salário e não estou precisando.
Tinha exatamente o valor da taxa de inscrição. Foi graças ao professor Harry Bellomo, até hoje um querido amigo, que aprendi a contar histórias.
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