terça-feira, 30 de agosto de 2022


30 DE AGOSTO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

O PAPEL DOS DEBATES E SABATINAS

A partir do início da campanha eleitoral, passam a ser mais recorrentes debates, sabatinas e entrevistas dos postulantes especialmente aos cargos do Executivo. Faltando pouco mais de um mês para o primeiro turno, é a oportunidade de os cidadãos se apropriarem melhor das ideias e propostas dos candidatos que disputam o voto dos brasileiros.

Esses encontros, em um momento em que naturalmente se eleva o interesse da população pelo pleito, têm uma característica ímpar: tiram os candidatos da zona de conforto dos discursos sem contestação. Nos debates, são forçados a tratar dos mais diversos temas e questionados por jornalistas ou opositores sobre suas contradições, histórico e posições, com perguntas incômodas e submetidos a réplicas. Esse cotejo, quando feito em nível elevado, é um instrumento essencial para a definição do voto e, portanto, para o fortalecimento e o amadurecimento da democracia do país.

Um bom exemplo foi o debate entre seis concorrentes ao Palácio do Planalto, no domingo à noite, na TV Bandeirantes, promovido por um pool de veículos de comunicação. Um pouco mais restritas, mas também úteis, foram as entrevistas, ao longo da semana passada, no Jornal Nacional, na TV Globo. As pesquisas eleitorais, que devem ser compreendidas apenas como um instrumento que mostra o provável cenário do momento, vêm apontando uma polarização em torno do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas há alternativas aos polos à disposição. 

A presença de outros desafiantes - de partidos com representação mínima exigida no Congresso - nestes encontros, com paridade de tempo para suas explanações, permite ao eleitor uma chance de conhecer melhor outras opções não tão familiares à grande massa de eleitores. Assim, podem considerar outros caminhos ou mesmo firmar convicção em torno de um dos dois presidenciáveis que hoje mais dividem as paixões dos brasileiros.

Idealmente, no entanto, a escolha deveria ser mais pautada pela razão do que pela emoção, sentimentos despertados e rejeições. O Brasil tem uma série de sérios desafios à frente em áreas como educação, economia, emprego, desigualdade, meio ambiente, ambiente de negócios, reformas e saúde, entre outras. São problemas que, mais do que carisma, exigem competência e propostas viáveis para solucioná-los. Quando o eleitor acompanha de maneira desapaixonada debates e sabatinas, tem melhores condições de formar um juízo embasado em argumentos factíveis.

Estão previstos outros debates e entrevistas até o fim do primeiro turno, tanto para os candidatos aos governos estaduais quanto com os pretendentes ao Palácio Planalto. Em respeito ao eleitor e em nome do interesse público, espera-se que os principais concorrentes não se esquivem de comparecer aos encontros agendados. Aguarda-se, ainda, que em vez de ataques pessoais priorizem propostas para sanar os problemas inadiáveis que inquietam a população. O país precisa ser devolvido aos trilhos de um crescimento mais robusto e sustentável. 

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