sexta-feira, 26 de agosto de 2022


26 DE AGOSTO DE 2022
ARTIGOS

O AVIÃO DA GOL E O INCÊNDIO DA KISS OBSERVATÓRIO DE TURISMO DO RS

Quando os pilotos do Legacy decolaram de São José dos Campos na direção de Manaus, visando levar a aeronave para os Estados Unidos, imaginavam uma viagem tranquila. Assim também os passageiros do voo 1.907 da Gol que embarcaram em Manaus, no moderníssimo boeing 737-800. Era 29 de setembro de 2007. Estavam felizes, muitos vindos de pescaria, quase 160 pessoas. No caminho houve o desastre. O Legacy tocou na asa do avião da Gol, e este se precipitou ao solo. O transponder estava desligado. O Legacy conseguiu aterrissar. Todos no avião da Gol morreram.

Quando todos aqueles jovens foram para o show na boate Kiss, e eram centenas, para assistir à Gurizada Fandangueira, ninguém imaginou o massacre que se consumou. Nem o proprietário do estabelecimento, nem os artistas, nem aquelas jovens vítimas daquele horror.

A relação que existe entre um e outro fato é que ninguém previu a possibilidade do terrível resultado de suas condutas. Com o máximo respeito a teses e antíteses em torno disso, não existe dolo eventual. No máximo, no máximo, forçando, poderá haver culpa consciente. Não houve dolo, ninguém admitiu o risco de produzir essas mortes e essa hecatombe, mas, evidentemente, houve culpa. Houve negligência. Houve imprudência. Houve imperícia. Todos os elementos da culpa. Houve mais de duas centenas de mortes de jovens. Uma tragédia inimaginável. Inimaginável, esta é a palavra. Mas foi culposo o homicídio.

E como homicídio culposo, já poderia ter sido julgado há muitos anos, e os acusados já poderiam ter cumprido a pena. Condenados como Lepore e Paladino, os pilotos do Legacy. Condenados pelo homicídio culposo de tantas vítimas. Mas não foi essa a opção adotada para o caso Kiss. Há um desejo de justiçamento. E o debate permanente de pretender resolver pelo júri e condená-los todos por homicídio doloso. Isso porque o tipo penal do homicídio culposo prevê uma penalidade que se avalia seja desproporcional ao dano produzido. É possível. 

É possível que seja uma insuficiência da lei. A lei deve ser mudada, então. Mas, enquanto lei, deve ser cumprida. Nessas horas de comoção, há que se ter presente que garantias são correntes às quais as sociedades se atam nos momentos de lucidez para não se suicidarem nos momentos de loucura. Quando se flexibilizam garantias pelo casuísmo, abre-se uma perigosa janela, naquela máxima em que a injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.

O Observatório de Turismo do RS, um projeto inédito da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul que tem como objetivo identificar oportunidades para melhorar e promover a oferta turística, já tem data para acontecer. Isso porque os primeiros números para o Observatório começam a ser captados a partir deste sábado, na 45ª edição da Expointer, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

Vale lembrar que esta é a primeira vez, após o início da pandemia, que a Expointer é realizada sem restrições sanitárias e a expectativa é de que neste ano 600 mil pessoas visitem a feira. Durante os nove dias de evento, por meio de contatos com empresas dos setores de transportes e hospedagem, o Estado vai buscar entender de onde vêm os turistas que visitam o Rio Grande do Sul no período da feira. A ideia é inverter a lógica, analisar os dados e adotar comportamentos sob a ótica da demanda, e não da oferta.

A intenção do Observatório é reunir dados econômicos e sociais sobre o turismo no Estado para dar respaldo às decisões políticas, com painéis de informações e relatórios bimestrais. De acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o setor de turismo representará 11,3% da economia global, movimentando US$ 14,6 trilhões ao longo dos próximos 10 anos.

É importante frisar que a atividade turística resulta na geração de emprego e renda e por isso os eventos turísticos devem ser vistos como investimentos. Em 2020, foram mais de 90 mil pessoas empregadas no setor de turismo gaúcho.

Um exemplo de evento turístico com impacto econômico foi a edição deste ano do Festival Internacional de Balonismo de Torres, realizado no feriado do dia 1º de maio no Litoral. Com a maior parte do público proveniente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a atração gerou 500 empregos diretos e registrou 100% de ocupação da rede hoteleira.

Finalizo reiterando que é a primeira vez que a Setur vai trabalhar com o mercado de fato, como o turista quer comprar e não como o Estado e as regiões querem vender. Esse método permitirá que o Estado conheça cada vez mais o perfil dos turistas e ofereça o melhor.

A relação que existe entre um e outro fato é que ninguém previu a possibilidade do terrível resultado de suas condutas

A intenção do Observatório é reunir dados econômicos e sociais sobre o turismo no Estado para dar respaldo às decisões políticas 

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