sexta-feira, 12 de agosto de 2022


O universo do crime verdadeiro

Jaime Cimenti
Modus Operandi - Guia de True Crime (Editora Intrínseca, 400 páginas, R$ 69,00 impresso e R$ 36,90 E-book), da publicitária Mabê Bonafé e da apresentadora e especialista em cultura pop Carol Moreira, é, em síntese e acima de tudo, um guia definitivo com mais de vinte casos para quem quer conhecer mais sobre o universo do true crime.
Se você, leitor, quer realmente saber tudo sobre crimes reais - o que aconteceu, onde, como, qual o motivo, quem é o assassino, se ele é serial killer, como a polícia investigou, se o acusado foi preso, como foi o julgamento, se o caso foi arquivado - Carol Moreira e Mabê Bonafé, criadora do podcast Modus Operandi (o mais ouvido do segmento, no Brasil), escreveram este livro para você.
Fenômeno da cultura pop, o true crime aguça a curiosidade do público ao revelar detalhes e muitas vezes reconstituir casos que, ao mesmo tempo, causam horror e fascínio. As autoras abordam as principais bases do gênero de modo simples, objetivo e bem-humorado. Falando de polícia, justiça e investigações, elas descrevem dezenas de casos que impactaram o Brasil e o mundo, como o caso Evandro, no Paraná. Elas falam do Tribunal do Júri no Brasil e nos Estados Unidos, de tipos de crimes, transtornos mentais, perfis de criminosos, sistema judicial, sistema carcerário e casos arquivados.
As autoras falam de racismo estrutural, de feminicídio e as muitas referências a filmes, séries, livros e podcasts que permeiam a narrativa ganham uma seção exclusiva em forma de lista, com QR Code para o compartilhamento do conteúdo. Ao lado, um glossário com termos jurídicos e policiais surge para enriquecer o vocabulário dos que acompanham os true crimes.
Com seu visual atraente e projeto gráfico diversificado, estruturado como um almanaque, Modus Operandi certamente vai repetir nas livrarias o sucesso estrondoso do podcast, que conquistou os brasileiros com sua linguagem descontraída e que hoje conta com mais de 20 milhões de plays. 

Lançamentos

Viamão - Arquitetura Barroco-Colonial (Libretos, 152 páginas, R$ 45,00), da professora e escritora gaúcha Mariza López , observando os costumes e analisando as construções do período barroco-colonial, nos leva a um passeio pela cidade de Viamão, principalmente durante os dez anos em que foi Capital do Estado, antes de Porto Alegre.
O Casamento Entre o Céu e a Terra - Contos dos Povos Indígenas do Brasil (Editora Planeta, 241 páginas, R$ 49,00), do escritor e ativista de direitos humanos Leonardo Boff, apresenta histórias que, acima de tudo, mostram a visão indígena de interagir com a natureza. Universo mágico, histórias de geração a geração.
Psicanálise e Judaísmo - do Livro à Escuta (Editora Artes e Ecos, 192 páginas, R$ 55,00), organizado por Gabriel Teitelbaum, Felipe Canterji Gerchman e Amadeu de Oliveira Weinmann, traz textos de Celso Gutfreind, Claudio Eizerik, Otto Rank, Alexei Indursky, Eduardo Kives, Renata Cromberg e Ricardo Timm de Souza sobre livros e investigação psicanalítica. 

Já foi na Shiga?

Tem lugares maravilhosos em Porto Alegre, meio desconhecidos de grande parte da população e pouco frequentados. Falando nisso, você já foi na Praça Província de Shiga? Não? Então aceite meu convite, se ligue e vá lá assim que puder. Não vai se arrepender. Quinze ou vinte minutos de silêncio e meditação naquele pequeno paraíso vão te fazer bem. Larga um pouco, ao menos, essa overdose de palavras, sons, imagens, e-mails, torpedos, grupos, redes, noticiário escalofobético, buzinas, telefonemas e o escambau.
Toma uma decisão zen, escala a Cristóvão Colombo e logo depois da Mal. José Inácio da Silva entra no portão do presente que a Província Japonesa de Shiga , estado-irmão do Rio Grande do Sul, gentilmente nos deu. Tem horário de visitação gratuita na pracinha de apenas 3.860 m2 projetada pelo arquiteto Kunie Ito, seguindo a tradição e o estilo dos jardins japoneses.
Pura delicadeza japa, com perfume de jasmins-do-cabo, pequeno lago, passarinhos de várias cores, sabiás, pombas, quiosque, ponte de pedra, esculturas, monumento a Buda, cascata, azaléias, extremosas, camélias, bambus, ameixeiras e outros elementos orientais vão te fazer entrar em um clima de energia boa e pura, especialmente se a visita acontecer na entrada da primavera.
Sobe com cuidado pelos caminhos de pedra e aí senta na pedra grande, ao lado da cachoeirinha e fica ouvindo o mantra aquático e o tempo escorrendo tranquilamente entre as pedras e os bambus. Olha bem para os bambus, te concentra só neles. Depois fecha os olhos, imagina só os bambus. Aí retira os bambus da tua imaginação e pensa em nada, consciência pura, entre a vigília e o soninho. Revela em silêncio teu lado oriental e vai ouvindo tua voz interior dizendo o que vem lá de dentro. Vais saber de umas coisas que tu não sabias que sabias. Na solidão e no silêncio da Shiga, vais te encontrar e, se não quiseres te encontrar, não tem problema, na Shiga não tem stress. Fica tranquilo.
Nada vai te perturbar, a não ser, quando abrires os olhos, a beleza das meninas que vão lá pousar para fotos de debut, quinze anos, casamento ou book para se tornar modelo. Pensa numa coisa boa, sorri, diz o fotógrafo para a menina de dentes lindos e juvenis. Chama a praça só de Shiga, com voz baixa, intimidade, e aí vais te integrar de vez com o grande pequeno triângulo do ascendente bairro Higienópolis. Serenidade, paz e beleza vão pintar e, de repente, uma criança vai te perguntar se pode colocar a mão na água. Vais dizer que sim, mas com cuidado para não escorregar.
Se algum carro buzinar, se a sirene de uma ambulância ou de um carro de bombeiros se esganiçar por perto, ferindo teus sensíveis ouvidos, não te irrita. Faz de conta que estás no Central Parque, em Nova York e ouve novamente os sons do silêncio da Shiga.
A Shiga esta aí para mostrar que a delicadeza, a cortesia, a urbanidade e momentos tranquilos ainda existem, num oásis no meio do asfalto e de outras coisas de cidade grande.
 A propósito...
Para uma Porto Alegre, um mundo e pessoas melhores, com menos polarizações e mais polinizações, todos deveriam ter direito a, no mínimo, uns 15 minutos diários na Shiga. Vai lá! Larga de mão por uns minutos esses tormentos políticos, econômicos e esses papos repetitivos e cansativos sobre as coisas de sempre e vai lá! No inverno a praça tem as milenares cerejeiras japonesas. 
A Shiga é jovem, tem só 39 anos, bons cuidados de jardinagem, simpático zelador e, sem dúvida, é a melhor e mais bonita parte do Japão em Porto Alegre. Já que a passagem aérea para o Japão, especialmente a executiva, é meio cara e a viagem é longa, aproveita para visitar, sem passaporte e sem custos, nosso Japãozinho simpático daqui. Os orientais são educados, delicados, não cometa a descortesia de recusar o convite para o paraíso do Higienópolis.

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