Como ir ao médico

Até minha covid, não tinha hábito de consultas médicas. Depois, sou habitué, então vamos a umas dicas. Admita que nós não vivemos no mundo ideal. Você terá uma consulta com um profissional com limitações de tempo. A questão é aproveitar ao máximo esse momento. Você tem que fazer sua parte: prepare-se para a consulta.

Parta do princípio que emburrecemos frente ao médico. Até existe a "Síndrome do Jaleco Branco", cujo principal sintoma é um aumento pontual da pressão arterial. Isso mostra que é um momento de estresse, portanto atrapalha a cognição. De uma maneira ou outra, isso ocorre com todos.

Leve a lista dos medicamentos que você toma. Todos, absolutamente todos. Até aquelas vitaminas que você toma por preguiça de ter uma alimentação decente. Aliás, pode ser por causa delas que esteja doente. Algumas vitaminas em excesso intoxicam. O mesmo vale para remédios naturais e caseiros. Acredite, há muitas pílulas branquinhas, redondinhas, para dormir. É preciso saber o nome do remédio. Além disso, os medicamentos têm diferentes dosagens, anote isso também.

Liste os sintomas. As coisas anormais que estão acontecendo. Anote também desde quando. "Faz muito tempo", "faz pouco tempo" não ajuda. Tente lembrar e chegue com isso pronto. Meu médico, quando termino a queixa, sempre pergunta: e o que mais? Só aí surge o detalhe aparentemente desimportante, decisivo para fechar o diagnóstico. Mas nem todos têm a sorte de um clínico que insiste em escutar.

O que auxilia o médico é o que realmente acontece com você, e não as interpretações que você dá sobre isso. Deixe isso com ele. Evite levar as sacações que você teve lendo na internet. O córtex pré-frontal dele gasta muita energia para não rir e isso atrapalha o raciocínio. Geralmente, o que pensamos sobre o que nos acomete é, mal comparando, parecido ao terraplanismo.

Leve os exames recentes, e não, embaralhados, todos da sua vida.

Seja sincero sobre sua alimentação. Se você é daqueles que ainda não come salada, ele precisa saber disso. Comer mal adoece. Rótulos não ajudam. Conheci mais de um "vegetariano" que na verdade só comia pão e massa.

Quanto a álcool e cigarro, deixe o médico discernir sobre o que é "pouco", "socialmente". Tenho um amigo que diz que bebe ocasionalmente. Convivendo, vi que ocasionalmente ele não bebe. Diga o que você realmente consome.

O mesmo vale para drogas. Você não vai lá para ganhar medalha de bom comportamento. As drogas são como medicações, elas interferem umas com as outras. Por exemplo, cocaína concomitante com certos anestésicos pode ser letal. Pense que, como diria Dr. House, o mais famoso médico da ficção: se você não causar má impressão ao seu médico, é bem provável que esteja mentindo.

Recorte para ler outra vez antes da sua próxima consulta.

MÁRIO CORSO

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