sexta-feira, 25 de março de 2022


25 DE MARÇO DE 2022
ARTIGOS

PORTO ALEGRE: UM CARTÃO-POSTAL À BEIRA DO GUAÍBA ÁLCOOL NOS ESTÁDIOS GERA VIOLÊNCIA?

Nesses 250 anos da capital dos gaúchos, nossa memória nos remete a muitos dos elementos que compõem a linda história de umas das cidades mais importantes do Brasil. O pôr do sol, o Laçador, o Theatro São Pedro, as belezas naturais, as paisagens rurais, o Gasômetro, os bairros e monumentos históricos transmitem sentimentos de raiz, origem e coragem que marcam a vida de todos os porto-alegrenses.

Integrado à Zona Sul e à novíssima e maravilhosa orla do Guaíba, o Estádio Beira-Rio emana essas mesmas vibrações. Construído sobre as águas, com alma e paixão, pelas mãos dos torcedores colorados, retrata o amor daqueles que o têm como casa e possui uma beleza digna de cartão-postal.

Uma cidade que se tornou referência cultural, também se notabiliza no esporte, já tendo sediado duas Copas do Mundo, um feito para poucas. A mais recente, em 2014, teve como palco o Gigante da Beira-Rio.

Incluir a capital gaúcha no cenário dos principais eventos culturais e esportivos dos últimos anos é motivo de orgulho para o novo Beira-Rio, no fomento da economia, na geração de novos empregos, na criação de experiências, encontros e bons momentos.

Nessa trajetória, há 52 anos o Beira-Rio procura dar a sua contribuição para, cada vez mais, potencializar essa Porto Alegre pujante e inovadora. Chegar a 250 anos é um marco na grandeza dessa cidade, que se consolida também como uma das mais emergentes capitais do país.

Assim, desejamos que a nossa encantadora e querida Porto Alegre possa comemorar outros 250 anos. Que suas belezas, valores e forma acolhedora de receber se perpetuem para muitas outras gerações. O Estádio Beira-Rio estará sempre de braços abertos para comemorar os feitos da capital de todos os gaúchos. Parabéns, Porto Alegre!

Está em pauta novamente a liberação de comercialização e consumo de bebidas alcoólicas nos estádios do Rio Grande do Sul, que foram proibidos em 2008. Naquela ocasião, a proibição foi aprovada para ser ferramenta de controle de brigas, tumultos e violência nos eventos esportivos. A lógica operacional é simples: ingestão de álcool potencializa ações violentas; logo, retirar este elemento teria efeito pacificador.

Desde então, observou-se, na média, uma diminuição da violência em estádios. No entanto, para muitos defensores da atual proposta de liberação, isso não poderia ser atribuído à restrição do acesso ao álcool. Argumenta-se que não há "estatística" ou "comprovação técnica" de que a violência foi reduzida por causa disso. A situação melhor, hoje, seria fruto de outras questões, como o aprimoramento dos circuitos internos de TV e o melhor controle de torcidas organizadas, de modo que a liberação do consumo de álcool não voltaria a agravar os níveis de violência.

De fato, são escassos os estudos na literatura que buscam medir o impacto da restrição do álcool sobre o comportamento das pessoas em eventos, enquanto uma política pública. E isso se dá pelas dificuldades no acesso a dados e na implementação de algumas metodologias robustas de avaliação de impacto. Mas, ainda assim, existem elementos técnicos a serem avaliados e a possibilidade de estudarmos (muito) mais o tema.

Hoje, ao que parece, o principal argumento está baseado no fato de que não existiria evidência cabal de que a restrição ao álcool nos estádios contribui para a redução da violência. O que se deixa de considerar, ao adotar esta postura, é que esta mesma alegada falta de evidência da relação álcool versus violência estabelece a incerteza sobre as consequências da retomada da sua liberação. Se não sabemos se foi o álcool que fez reduzir a violência, não há como garantirmos que sua volta não piorará a situação. A falta de evidência da relação causal é bidirecional!

Dito tudo isso, meu ponto é bastante simples: estamos pensando em política pública de maneira torta. Estamos discutindo uma política pública ancorados não em evidências que balizem posicionamento, mas, pasmem, na sua ausência! A lógica está invertida. Enquanto não temos evidências que nos tragam maior segurança decisória, me parece que a parcimônia é a melhor alternativa. Estudemos, antes de decidir.

Nenhum comentário: