17 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
BÚSSOLA PARA O EMPREENDEDORISMO
Merece uma leitura atenta o mais recente relatório da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), apoiado pela Endeavor, dedicado a analisar o ambiente de negócios nos principais municípios brasileiros, com a criação de um ranking a partir da observação de sete quesitos. Trata-se de um estudo capaz de servir de guia na busca por melhorar os indicadores que impactam a competividade e as condições de desenvolvimento. O Índice de Cidades Empreendedoras, divulgado ontem, traz boas notícias e alertas. Regulação, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, recursos humanos e cultura empreendedora são os tópicos examinados.
Os dados mostram a evolução de Porto Alegre. No ranking nacional liderado por São Paulo, Florianópolis e Curitiba, a Capital surge agora em sexto lugar. Galgou três posição em relação ao estudo anterior, realizado em 2020. Também é digno de nota o desempenho de Santa Maria, que era a 36ª e agora é apontada como a 19ª melhor cidade para se empreender no país.
No caso de Porto Alegre, nota-se uma boa performance em pontos como acesso a capital (3º lugar no Brasil), infraestrutura (4º), inovação (9º) e capital humano (9º). Mas a cidade, aponta o relatório, não vai bem em relação ao ambiente regulatório. A 46ª posição, no meio da tabela, é uma indicação clara da necessidade de avançar em questões como complexidade burocrática, tributação e tempo de tramitação de processos na Justiça. Alguns indicadores, ressalte-se, são de períodos como dois, três ou quatro anos atrás, uma defasagem necessária para fazer o cotejo justo e completo entre todos os municípios com os mesmos dados. Em quesitos como inovação e capital humano, por exemplo, é possível acreditar que a Capital poderá até aparecer em situação mais destacada nas próximas edições devido ao ecossistema efervescente de iniciativas ligadas ao setor de tecnologia e à indústria criativa.
Caxias do Sul, por sua vez, passou da 29ª para a 36ª posição no ranking geral. A cidade da Serra tem a sua fortaleza no tópico da inovação. É a 7ª no país no indicador que avalia pontos como proporção de mestres e doutores, trabalhadores no setor de ciência e tecnologia, patentes, tamanho da economia criativa e das empresas do setor de TI. Mas, assim como Porto Alegre, tem à frente o desafio de aperfeiçoar o ambiente regulatório.
Santa Maria, a segunda cidade gaúcha mais bem colocada no índice, vai bem em inovação, em 14º lugar, e principalmente em capital humano, onde aparece em terceiro. Resultado direto da disponibilidade de mão de obra qualificada, efeito de indicadores ligados à educação. Entre os 101 municípios brasileiros avaliados, aparecem ainda no ranking geral Canoas (45ª), Pelotas (64ª) e Gravataí (79ª).
Os resultados observados são um importante subsídio para o debate voltado a planejar e implementar políticas e ações que seriam necessárias para desenvolver potencialidades e solucionar gargalos que travam o empreendedorismo. O relatório se debruça sobre poucas cidades, mas mesmo as não contempladas podem estudar as informações e procurar os mesmos dados para os seus municípios, uma vez que as fontes estão indicadas, para verificar em que patamar estariam e, assim, agir de maneira cirúrgica. O índice, portanto, se consolida como uma espécie de bússola para orientar gestores públicos, empreendedores e mesmo cidadãos sobre quais caminhos trilhar para o progresso de suas comunidades.
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