Fronteiras do pensamento
O Fronteiras do Pensamento é um projeto cultural múltiplo, que reflete sobre a contemporaneidade e o futuro. Comprometido com a liberdade de expressão, a diversidade de ideias e a educação de alta qualidade, em mais de 15 anos de existência o Fronteiras contou com mais de 200 conferências internacionais e milhares de espectadores, servindo como plataforma para a geração de filmes de curta e média metragem, séries de livros e fascículos educacionais e outras publicações. No portal www.fronteiras.com estão os conteúdos.
Fronteiras do Pensamento debate os sentidos da vida (Arquipélago Editorial, 256 pág, R$ 49,90), organizado por Fernando Schüler, com conferências e entrevistas de Ai Weiwei, Catherine Millet, Denis Mukwege, Elisabeth Roudinesco, Graça Machel, Janna Levin, Leila Slimani, Luc Ferry, Paul Auster e Roger Scruton, é, segundo Schüler, uma espécie de tapeçaria, um livro sobre o desenho da vida, que por vezes mostra-se aleatório, outras vezes metódico, por vezes complexo e refletido e outras vezes feito em linha reta.
Como está na apresentação, a obra celebra perguntas e apresenta um olhar mais atento e generoso para esta grande experiência que é viver. Cada um dos pensadores selecionados traz sua percepção singular para este debate sobre o sentido da vida, a verdade, o passado, o presente e o futuro.
Numa época de tantas "verdades" e "narrativas", de tanta informação, deformação e desinformação e de tantos conflitos individuais e coletivos, a publicação destas entrevistas e conferências merece saudação, pois nos auxilia a buscar luzes sobre o que é viver a aventura humana.
A filosofia, a ciência, a educação, a psicanálise, a literatura e outros campos do conhecimento têm abordado a questão do sentido da vida. Para muitos o sentido da vida é ela própria. Nunca saberemos tudo, nunca desvendaremos todos os mistérios, o que é bom. Percorrendo a vida, o mundo e convivendo conosco e com os semelhantes, seguimos perguntando, respondendo ou silenciando, enquanto a vida segue.
Lançamentos
- Caderno de Desdenho (Libretos Editora, 140 pág, R$ 45,00), do premiadíssimo desenhista e cartunista Santiago, apresenta, entre desenhos inéditos e publicados, em cores, o melhor de sua produção dos últimos trinta anos. Santiago já recebeu, merecidamente, mais de cem prêmios em salões nacionais e internacionais. Te mete!
- Feliciência - Felicidade e trabalho na época da complexidade ( Actual, 120 pág, R$ 48,30), de Carla Furtado, mestra e doutoranda em psicologia e uma das maiores palestrantes da atualidade em saúde mental e bem-estar no trabalho, traz metodologia, ciência e teoria sobre temas de sua especialidade.
- Com Textos II - Brumas da Alma (Moura AS, 288 pág) apresenta dezenas de poesias, crônicas e contos sobre histórias de vida de Ivanor Ferronatto, jornalista, escritor e administrador. Os textos falam sobre a alma, a única parte de que somos compostos e que não é palpável.
Final de verão
E então o veraneio chega, pontualmente como o sol, ao fim. As águas de março vão fechando o verão, com promessa de vida no coração, como está dito para sempre no lindo samba Águas de Março do para sempre Tom Jobim, que se foi muito cedo e que segue como um dos nossos grandes brasileiros. Saudades do Tonzinho, do Brasil bossa nova, do que tínhamos de melhor. Quem dera a gente e o País tivessem, ao menos um pouco, a afinação do maestro soberano, que levou a Garota de Ipanema e o Brasil para o mundo, na maior competência e elegância.
A pandemia fez com que muitas pessoas fossem residir e/ou trabalhar em nosso litoral. As populações de Cassino, Tramandaí, Xangri-lá, Capão da Canoa e Torres, entre outras, aumentaram e aí, de certo modo, o veraneio entra ano adentro, com saldo positivo para as economias e serviços dos balneários .
A pandemia nos mostrou que dá para viver mais simples, com menos, e mudou muitos hábitos. Do ponto de vista da economia, nacional e global, se registrou um aumento na desigualdade de renda e alguns bilionários e trilhardários ficaram ainda mais ricos depois da pandemia. Esses dias encontrei um livro que ficou famoso lá por 1978, A ditadura dos carteis - Anatomia de um subdesenvolvimento, da Editora Civilização Brasileira, de autoria do empresário Kurt Rudolf Mirow. Ele relatou como agiam os cartéis mundo afora e como ele próprio e sua empresa sofreram com o poderio das corporações internacionais, que, já à época, dominavam o cenário internacional. Com o tempo, notou-se que as multinacionais e os carteis adquiriram ainda mais importância e poder no cenário mundial, mostrando que é preciso refletir profundamente sobre o tema.
A questão da desigualdade da distribuição da riqueza, num mundo em que nunca tão poucos estiveram no comando de tantos recursos, é um desafio de nível global e que tem sido motivo de estudos, planos e visões de vários especialistas. O professor e economista francês Thomas Piketty, em obras famosas como O capital no Século XXI e Capital e ideologia, por exemplo, fez interessantes diagnósticos e pesquisas sobre questões econômicas, sociais e políticas, enfocando crises da contemporaneidade, inclusive os problemas que nossas democracias enfrentam na atualidade.
Nesse momento da triste guerra envolvendo a Rússia e a Ucrânia , com gastos financeiros e perdas humanas irreparáveis, agitando as posições internacionais em volta de temas sociais, políticos, ideológicos, culturais e econômicos, o momento é mais do que nunca adequado para, em tempos de pós-pandemia, pensar em soluções para as pessoas e para o planeta, antes que seja tarde demais.
Esta guerra, que mais do que nunca nos apresenta uma terrível batalha de narrativas e imagens em tempo real que nos destroçam, é mais uma oportunidade que temos para tentar agir da melhor forma, com espírito pacífico, plural e democrático e procurar, dentro do possível, observar como se comportam os líderes, os cidadãos e, especialmente, as mídias.
A propósito...
Neste final de verão, já de olho nos churrascos e chimas à beira-mar no ano que vem, é hora de rezar pelas pessoas e pela Terra. Tomara que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia termine rápido e que as duras lições da guerra sirvam para algo bom, depois de tanta mortandade, violência e sangue. O ser humano evoluiu em muitas áreas, como a ciência, a tecnologia, a saúde física e outras. Do ponto de vista de desenvolvimento propriamente humano , ainda temos muito que evoluir. Só não digo que somos uns macacos vestidos para não ofender os queridos e divertidos símios, que geralmente se comportam melhor do que nós. No mais, é aguardar pelas definições para as eleições, na medida do possível com discussões pacíficas e civilizadas sobre o que realmente interessa.
Jaime Cimenti
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