10 DE MARÇO DE 2022
+ ECONOMIA
Falha da Equatorial: privatização da CEEE foi inevitável Postos enfrentam restrições no diesel
Conforme João Carlos Dal?Aqua, presidente do Sulpetro, sindicato que representa postos de combustíveis, o fornecimento de diesel enfrenta "estresse no fornecimento". As distribuidoras estão restringindo as entregas.
- A restrição não significa postos fechados por falta de diesel. Ainda não. A Petrobras consegue abastecer. Pode faltar em um dia, ter no outro. Não temos informação de que alguém ficou sem produto. Com gasolina, está tudo normal. É no diesel que as dificuldades estão mais presentes - detalha Dal?Aqua.
Essas restrições, conta, ocorrem desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Enquanto a Petrobras não faz alterações de preços há quase dois meses, a refinaria de Mataripe, em São Francisco do Conde (BA), vendida pela estatal ao Mubadala, e a Refinaria Riograndense, de Rio Grande, também sob controle privado, já reajustaram seus preços em cerca de R$ 0,30.
- Estamos apreensivos. Os postos colocam o pedido e torcem para que venha. Pode vir com redução. Se pede 10 mil litros, pode receber 5 mil. A Ipiranga avisou que vai priorizar os postos com os quais tem contrato de exclusividade. Os independentes terão mais dificuldade - relata.
Dal?Aqua pondera que não se sabe até que ponto as distribuidoras seguram estoques ou têm reais problemas de abastecimento. Mas diz que importadores suspenderam compras por causa da defasagem.
Mais um surto de demora no restabelecimento do serviço de eletricidade, poucos meses depois da privatização da CEEE-D, provoca uma onda de reação dos que se opuseram à venda por convicção ou por interesse. É legítimo, especialmente porque a Equatorial não responde à altura do desafio que encarou.
Na primeira entrevista à coluna após a posse, o primeiro indicado à presidência da CEEE Equatorial, Maurício Velloso, foi cobrado e se comprometeu a resolver a crônica a lentidão no restabelecimento do serviço.
- O plano é dar resposta rápida para a população. Sabemos que os investimentos que darão robustez ao sistema levam tempo, mas vamos ter medidas e dar velocidade de resposta - prometeu.
O presidente já mudou, mas a promessa foi feita em nome da empresa, portanto, deve se honrada. Mas é preciso refrescar a memória: ao ser privatizada, a CEEE-D tinha um passivo de R$ 7 bilhões, dos quais cerca de R$ 4 bilhões foram repassados à nova controladora. Vamos supor que a empresa não tivesse sido privatizada: de onde sairia o dinheiro para eventuais obras de reforço do sistema? Havia ainda ameaça de perda de concessão, o que poderia entregar o serviço à boa sorte de cerca de um terço dos gaúchos.
Outra memória necessária ao debate é a qualidade do serviço prestado pela CEEE-D estatal: era a última colocada no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de 2020, ainda não atualizado pela agência. A Equatorial conhecia o desafio que aceitou, tanto o financeiro quanto o técnico, como deixou claro Velloso:
- Sabemos que o Rio Grande do Sul tem eventos intensos, como ciclones extratropicais. Vamos reforçar o plano de contingência para atuar em casos de falta de fornecimento.
Desde a privatização, a conta de luz só subiu. Isso não ocorreu por desestatização, mas oferecer um serviço cuja qualidade seja do mesmo nível do preço que custa aos clientes é regra básica de qualquer empresa privada. É ruim para o consumidor, mas também é péssimo para a imagem da companhia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário