10 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
ENFIM, A PISTA AMPLIADA
Finalmente acabou a espera de mais de duas décadas pela ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho, na Capital. Com a obra concluída, deve ser questão de semanas, agora, para que o Rio Grande do Sul tenha um dos seus maiores gargalos logísticos solucionado. Para que a nova extensão de 3,2 quilômetros possa ser usada, ainda é necessário aguardar vistoria da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac). Espera-se que a análise seja realizada o mais breve possível e encontre a estrutura de acordo com as especificações exigidas, para o Estado começar rapidamente a usufruir dos benefícios prometidos.
Com a pista ampliada em 920 metros, o Salgado Filho poderá receber aeronaves maiores, como grandes cargueiros, que não conseguiam operar em Porto Alegre com a capacidade plena e o tanque cheio, necessário para viagens de longo curso. Devido a essa deficiência, uma elevada parcela das exportações de produtos gaúchos de alto valor agregado, feitas via aérea, embarca para o Exterior em terminais paulistas.
A necessidade do transporte rodoviário até São Paulo eleva custos e afeta a competitividade de empresas instaladas no Estado, sem falar em questões de segurança das cargas nas estradas. Esses itens, em regra, exigem maior agilidade e flexibilidade nas entregas até o destino final. Os custos adicionais existem também para importações, deixando mais caros mercadorias e bens de capital adquiridos em outros países. Ao fim, uma série de atividades paralelas e negócios relacionados ao comércio exterior deixa de ser realizada no Rio Grande do Sul.
A existência de uma boa infraestrutura aeroportuária também é um dos quesitos avaliados por grandes grupos quando estudam onde vão fincar a sua bandeira ou ampliar sua presença. A garantia de acesso fácil e rápido a outros centros urbanos importantes, no próprio país e no Exterior, é fator decisivo. A qualificação do Salgado Filho poderá significar ainda mais comodidade para os passageiros gaúchos, com a possível ampliação de rotas internacionais a partir de Porto Alegre.
A ampliação era o último compromisso contratual da Fraport em relação a melhorias e expansões da estrutura do aeroporto. A concessionária alemã, vencedora do leilão de concessão em 2017, vai administrar o Salgado Filho até 2043. A obra na pista deveria ter sido concluída ainda no ano passado, mas atrasou devido à demora na remoção de moradores do entorno do local. Ao todo, mais de mil famílias também foram beneficiadas, transferidas para moradias mais dignas, regularizadas e dotadas de serviços básicos.
O aspecto social, portanto, é mais um fator a ser celebrado pelo desfecho de uma novela de mais de 20 anos que ao chegar ao fim permitirá ao Rio Grande do Sul ter um aeroporto condizente com as suas potencialidades e com capacidade de ser um agente indutor do desenvolvimento do Estado. Tamanha demora para tirar do papel um projeto há muito prioritário para o Estado, no entanto, mostra mais uma vez o quanto ainda é preciso avançar em busca de uma melhor coordenação para executar obras de grande interesse público, conciliando agilidade com respeito à legislação.
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