terça-feira, 8 de março de 2022


08 DE MARÇO DE 2022
NÍLSON SOUZA

Os girassóis da Ucrânia

Minha homenagem neste dia dedicado às mulheres vai para aquela senhora de Henichesk que ofereceu sementes de girassol ao soldado russo. Não, ela não estava sendo generosa com o jovem invasor, que provavelmente tinha idade para ser seu neto. Pelo contrário, talvez suas palavras tenham sido mais fulminantes do que os mísseis disparados por Putin contra prédios e vidas.

- Pegue estas sementes e coloque-as no seu bolso para que pelo menos os girassóis cresçam quando vocês todos morrerem por aqui - sentenciou a indignada ucraniana.

O soldado ainda tentou argumentar, pedindo que ela não piorasse a situação.

- Como pode piorar? Que diabos vocês estão fazendo em nossa terra com todas essas armas? Vocês são ocupantes, vocês são fascistas! - acusou a mulher.

O vídeo do insólito diálogo ficará como registro de mais um insensato momento da humanidade em que governantes tentam resolver suas divergências pelas armas. Simboliza igualmente a bravura das mulheres da Ucrânia, às quais o Brasil deve desculpas pela grosseria inominável cometida recentemente por um de seus representantes políticos.

Girassóis são flores lindas e emblemáticas na sua propriedade de girar o caule para encarar o sol. De acordo com a crença popular, sua cor amarela com tons laranja representa calor, lealdade, entusiasmo, vitalidade e altivez. A mitologia grega conta que uma ninfa chamada Clítia apaixonou-se pelo deus Hélio (Sol) e, não sendo correspondida, passava os dias ajoelhada na terra sem desviar o olhar dele. À noite, chorava. Com o passar do tempo, criou raízes e seu rosto transformou-se na flor.

Quando esse momento sombrio da nossa existência passar, os girassóis da Ucrânia (assim como os da Rússia, do belo filme com Sophia Loren e Marcello Mastroianni) haverão de brotar novamente apenas do amor.

Outro dia registrei aqui que nenhuma rua do Centro Histórico da Capital homenageava mulheres, com exceção da Rua da Conceição. Aprofundei minha pesquisa e constatei que a Pinto Bandeira celebra uma porto-alegrense, a "brigadeira" Rafaela Pinto Bandeira, que foi casada com seu hoje vizinho geográfico Coronel Vicente, casamento realizado pelo Vigário José Inácio.

Mas nossa amada Porto Alegre ainda deve reconhecimento às suas mulheres.

NÍLSON SOUZA

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