14 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
PROVA DE CONFIANÇA NA EXPODIRETO
Em mais uma inequívoca demonstração de confiança no futuro, os produtores rurais que foram à 22ª Expodireto Cotrijal fizeram a feira chegar ao fim com um desempenho surpreendente. O volume de negócios, da ordem de R$ 4,9 bilhões, superou em 87%, em valores nominais, o resultado da última edição, em 2020. É um desempenho que ultrapassou em muito a maioria das previsões. No início do evento, em Não-Me-Toque, no norte do Estado, esperava-se que a comercialização fosse semelhante à registrada dois anos atrás. Afinal, em momentos de grande turbulência, cautela é a palavra de ordem.
O que os números demonstram, entretanto, é otimismo. Afinal, quem se encoraja a fazer investimentos em máquinas avaliadas até em milhões de reais logo após uma estiagem que impôs severas perdas às culturas de verão e diante do significativo aumento dos custos, pela disparada dos preços dos fertilizantes e possível escassez do insumo, está convicto da continuidade do bom momento da agricultura no Rio Grande do Sul e no país. Quem não se assusta com a disparada de itens básicos e de grande peso para a formação das lavouras, como o óleo diesel, ou com as perspectivas nada alvissareiras para os juros, que encarecem os financiamentos, confia na viabilidade de sua propriedade e, sobretudo, no seu trabalho. Parece não haver guerra ou frustração pontual de safra que mine o ânimo dos produtores rurais gaúchos.
A presença de público, da mesma forma, foi notável. Foram 263 mil pessoas, acima da edição anterior. A visitação à mostra de Não-Me-Toque é diferente em relação à Expointer, por exemplo, que atrai bastante o público urbano ou pessoas que se deslocam ao Parque Assis Brasil devido a programações paralelas ou mesmo entretenimento. Quem vai à Expodireto busca exclusivamente negócios, conhecer as novidades tecnológicas voltadas ao campo ou então participar dos fóruns e eventos destinados a discutir as principais questões que inquietam o campo.
É um público mais especializado, portanto. E assim, com esse perfil, a feira se consolidou como uma das mais importantes do calendário nacional. Como ponto de encontro das lideranças do setor, se torna ainda momento de somar forças para fazer valer reivindicações, como ocorreu este ano, quando o governo federal anunciou, durante a mostra, destravamento de crédito para o Plano Safra, recursos para seguro agrícola e prorrogação de prazos de financiamentos de custeio e investimento voltados a agricultores atingidos pela estiagem.
Se é verdade que os custos subiram, os preços dos grãos também seguem em alta e com boas perspectivas de manutenção das cotações. Enquanto o Estado entra na reta final da safra de verão, em breve se iniciam os preparativos para os cultivos de inverno, em que o trigo é a grande estrela e tem experimentado uma significativa valorização devido ao conflito na Ucrânia, grande produtor mundial, e sanções à Rússia, outro país relevante para o mercado do grão. Não há muito tempo, portanto, para lamentações. Se o cenário é desafiador e incerto, não resta alternativa a não ser arregaçar as mangas, procurar a melhor informação para fazer um planejamento correto, controlar custos e buscar eficiência e produtividade, algo em que a incorporação de tecnologia é essencial.
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