26 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
PORTO ALEGRE, 250 ANOS
Porto Alegre alcança os 250 anos se reconciliando com a sua grande riqueza natural e vivendo uma nova efervescência urbana e econômica após os dias mais soturnos da pandemia. A revitalização da Orla, que segue em curso, devolveu a convivência da população com o Guaíba, o corpo hídrico que está na origem do nascimento e do desenvolvimento da cidade. Suas margens, agora dotadas de bela infraestrutura recém construída para lazer e prática de atividades físicas, renovaram o orgulho dos porto-alegrenses e, mais importante, tornaram-se um ponto de encontro democrático para cidadãos de todos os bairros em busca de momentos aprazíveis. Uma genuína redescoberta.
Há, ao mesmo tempo, uma ebulição que resplandece com a retomada das interações sociais, a volta dos eventos culturais e esportivos e com novos empreendimentos voltados à gastronomia e ao turismo. Regiões degradadas, como o Centro Histórico e o 4º Distrito, muitas vezes a primeira visão que o visitante tem da Capital, ganham projetos que prometem revigorá-las e torná-las outra vez pulsantes e dinâmicas. No quesito econômico, a Capital busca cada vez mais se firmar como polo de tecnologia e inovação, consolidando a sua vocação voltada aos serviços, em que despontam ainda áreas como educação e, sobretudo, saúde. São iniciativas e políticas que unem poder público, empreendedores privados e sociedade civil e vão na direção correta ao contribuir para uma Porto Alegre conectada com o futuro, retendo cérebros e impulsionando o desenvolvimento da cidade.
A Capital assiste no presente ao andamento de uma série de obras e planos para, assim como ocorreu no passado, moldar o porvir. Sejam na infraestrutura viária, no saneamento ou no embelezamento, essas iniciativas devem em sua essência ser voltadas à melhoria da qualidade de vida da população. Ao lado dessa remodelação dos aspectos físicos da cidade, um organismo dinâmico em constante transformação, não deve ser perdida de vista a importância de requalificar serviços essenciais, como transporte de passageiros, limpeza das vias e praças, recuperação ambiental de lugares como o Arroio Dilúvio, atenção às periferias e combate à desigualdade social. Uma revitalização plena da cidade não prescinde de cuidar dos invisíveis ou de quem vive em pontos mais afastados dos olhos da opinião pública que tem voz para reivindicar. São desafios, aliás, comuns a todas as metrópoles brasileiras.
Se o leitor atentar, acima e nas reportagens publicadas nesta edição de Zero Hora é marcante a presença de palavras com o prefixo "re", no sentido dar novo impulso a algo. Reconciliar, revitalizar, renovar, redescobrir, revigorar, remodelar e retomar são alguns dos verbos empregados. É uma prova de que Porto Alegre, ao longo de seus dois séculos e meio de história, conseguiu em diferentes momentos fulgurar, mas, por diversas razões, passou por períodos de certo abatimento, o que parece começar a ficar para trás, graças à mobilização de seus cidadãos e lideranças.
O destino da Capital não importa somente para os que vivem nela. Como maior cidade e centro administrativo, é uma espécie de símbolo da visão do Rio Grande do Sul. Une uma zona rural produtiva e diversificada, ímpar para grandes metrópoles, com o burburinho frenético do cotidiano citadino. Porto Alegre tem ao mesmo tempo um ar provinciano e uma atmosfera cosmopolita. São contrastes que se complementam. Alia a tradição e as maravilhas naturais - como o Guaíba e seu inigualável pôr do sol - à modernidade e à tecnologia de ponta. Com seu charme, feridas e variedade étnica, resume e dá os contornos da compreensão externa sobre o que é este Estado e quem é a gente do garrão do Brasil. Tornar a Capital um lugar mais próspero e agradável para viver, ao fim, se traduz em ganhos tangíveis e simbólicos não só para os porto-alegrenses, mas para os gaúchos de todos os rincões.
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