29 DE MARÇO DE 2022
ARTIGOS
SER... OU NÃO SER..., EIS A QUESTÃO!
EDELBERT LÖRSCH - edelbertlorsch@gmail.com
Mestre e doutor em educação, portador de fibrose pulmonar idiopática, está em lista de espera há 280 dias para um transplante pulmonar na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre
O monólogo de Hamlet, em A Tragédia de Hamlet, de Shakespeare, de 1603, não poderia ser mais favorável, atualizado e revelar-se tão propício às nossas reflexões no tempo presente. Shakespeare, ao empregar a famosa frase: "Ser ou não ser", quer ir além. Ele nos leva ao duelo de tomarmos, ou não, uma atitude frente aos acontecimentos. É o ser existencial presente e o ser verbo, irregular. É a contenda entre o viver e o morrer, a essência do existir ou do não existir. O desafio do fazer ou não fazer, a provocação do fazer ser ou não fazer ser.
A demanda é grande, a oferta é mínima. É a luta entre o ser doador e o ser não doador. É o ser existencial, humano, vivo, em conflito com sua ação de ser apenas verbo, ser doador ou não de órgãos, tecidos e sangue. Olhar para os mais de 63 mil brasileiros que hoje esperam a continuidade da vida ou o advento da morte é um conflito constante. Estamos nas mãos e decisões do ser, ser não doador.
O doador é um ser solidário, tem sentimentos, amor, enxerga seu semelhante como um ser e poderá fazer, em prol deste, uma grande insurreição. Na sua ação de ser, vidas serão salvas. O passamento não ocorrerá na sua totalidade, pois para cada ser doador, oito ou mais seres serão salvos. O feito do ser doador será um ato de amor. Amor ao seu ente querido e ao próximo. O ser doador permitirá que a vida continue após seu perecimento, porém, em outro ser. A vida segue.
Não ser doador, sujeito e verbo, ao mesmo tempo, será a consumação final do seu ente querido. Será o fim da história de alguém que não teve a oportunidade de (talvez) manifestar o desejo de ser doador e perdeu a chance de renascer em outro irmão; será perecer definitivamente. Se o ser que pode doar não o fizer, os que podem receber não renascerão; serão oito famílias lutuosas. A graça de Deus ameniza a dor da família enlutada do ser doador e também ampara a família do ser receptor, pois doar é um renascer com laços multifamiliares.
Enfim, faço aqui meu apelo: SEJAM TODOS SERES DOADORES! Permitam que o verbo ser seja conjugado no presente e no futuro, salvando os que estão em lista hoje e os que nela chegarão amanhã.
O doador é um ser solidário, tem sentimentos, amor, enxerga seu semelhante como um ser e poderá fazer, em prol deste, uma grande insurreição
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