segunda-feira, 30 de agosto de 2021


30 DE AGOSTO DE 2021
CÉSAR OLIVEIRA

Entre o certo e o errado

O que existe entre o certo e o errado? Extremos que nos afastam e meios que nos unem.

Há tempos venho falando, em diferentes momentos e ocasiões: os extremos estão criando um abismo entre nós. Vivemos juntos, trocamos ideias e experiências, somos impactados, muitas vezes, por coisas de que nem sabíamos da existência. Todavia, não parece que é nesse caminho de consciência coletiva que a humanidade está indo (e olha que eu gostaria muito que fosse).

Dizem por aí que a pandemia veio para nos ensinar, mas será que de fato estamos aprendendo?

Certeza temos que já não importa mais como sairemos deste processo pandêmico, ao menos é o que está aparentando. Mas como estaremos após ele: permaneceremos ou evoluiremos?

Convivo em dois meios distintos e próximos ao mesmo tempo, o político e o artístico-cultural. Em ambos, sinto que as ideias extremas têm se mostrado nocivas, pois deixam o meio desassistido. Falo desses dois ambientes porque são aqueles em que tenho maior vivência, mas com certeza isso ocorre em outros tantos setores.

Quando se fala em política, é difícil não lembrar dos entendimentos extremos que algumas pessoas bradam sobre "direita" e "esquerda", como se, por exemplo, tudo fosse passar por privatização ou estatização. Será mesmo que não pode haver um meio-termo? O Estado não pode gerir aquilo em que possui capacidade e a iniciativa privada contribuir onde lhe é possível? Penso que sim.

Na cultura, com o devido respeito aos autênticos costumes e representações - pois os defendo diariamente -, muitas vezes a falta de sensibilidade gera uma incapacidade de cativar. Está chegando a Semana Farroupilha, e muita gente terá contato pela primeira vez com a nossa cultura. Precisamos nos questionar: o que fará a pessoa se apaixonar pelo que é nosso? A pilcha integralmente correta ou o acolhimento ao ganhar um lenço do amigo e todo o entendimento que há neste ato? A música que, ao seu gosto, é a mais qualificada pela sua execução técnica e conteúdo intelectual ou simplesmente uma música regional gaúcha capaz de despertar a admiração pelas nossas tradições por meio da sua autenticidade?

Pergunto, questiono, reflito e posso até ser repetitivo, mas é porque me preocupa o fato de perdermos coisas importantes pelo ímpeto de estarmos sempre certos.

A escolha é nossa. Seguiremos puxando as extremidades e nos afastando ou buscando os meios que nos unem para nos fortalecermos enquanto povo?

CÉSAR OLIVEIRA

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