Curso para escritores
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"O Grêmio não cai". Esse título aparafusei no alto de uma coluna que escrevi no remoto ano de 2003. Previ que o Grêmio não cairia para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, e o Grêmio não caiu.
Foi uma temeridade. Dezoito anos atrás, a situação do clube era bem pior do que a de hoje. O campeonato já estava escorrendo para o final, e o Grêmio, se refocilando no último lugar da tabela, havia contratado seu quarto técnico, Adilson Baptista. Os salários dos jogadores estavam atrasados, e muitos deles simplesmente foram embora, alegando falta de pagamento. Não havia mais dinheiro para contratações, e a direção, perplexa, não sabia o que fazer.
No entanto, algo aconteceu. Adilson conseguiu mobilizar os jogadores e o time começou a jogar de forma coerente. Não que jogasse exatamente bem, mas havia lógica nos movimentos da equipe. Escrevi essa crônica depois de um resultado negativo, talvez um empate, não lembro, mas escrevi porque era possível identificar a melhora: o time estava no caminho de encontrar a sua maneira de jogar. Então, olhei para a tabela de classificação, fiz as contas e concluí que o Grêmio se salvaria. Não foi um palpite, portanto; foi uma dedução.
Hoje, faço a mesma previsão, embora as condições sejam muito diferentes. O Grêmio de 2021 pouco tem do de 2003, ainda que ambos passem por apuros. A primeira diferença é que o Grêmio atual ainda não encontrou sua maneira de jogar. Foram conquistadas duas vitórias seguidas, é verdade, mas o time não consegue jogar bem. Isso decerto motivará o leitor a perguntar: sendo assim, o que constrói a certeza de que o Grêmio escapará da queda? A resposta está nas outras diferenças entre 2003 e 2021.
O Grêmio de agora é maior do que a sua conjuntura. Os salários estão em dia e a situação financeira não é ruim. É certo que ainda há jogadores de baixa qualidade técnica, mas Luiz Felipe está começando a fazer os desbastes no grupo. Se não houver contingências no meio do caminho, o Grêmio se encaminha para ter a seguinte escalação: Chapecó ou Brenno; Vanderson, Geromel, Kanneman e Rafinha; Thiago Santos, Villasanti e Campaz; Douglas Costa, Borja ou Diego Souza e Ferreirinha.
Definitivamente, não é time para ser rebaixado. O Grêmio permanecerá na primeira divisão em 2021. O desafio é 2022. Porque em 2003 ele também não caiu. Mas em 2004...
DAVID COIMBRA
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